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Tensão

Em dia de luto por ídolo, corintianos silenciam em gol do Vasco, festejam empate do Flamengo e, antes do título, vivem sofrimento que dizem amar

DE SÃO PAULO

Não foi fácil por 37 rodadas. Não seria na última que o torcedor corintiano teria a tranquilidade que gostaria para gritar "é campeão".

O domingo alvinegro começou triste: Sócrates, um dos maiores ídolos da história do clube, havia morrido durante a madrugada, vítima de um choque séptico.

O adeus ao craque, que no Corinthians venceu três Paulistas (79, 82 e 83), foi expressado em faixas nas arquibancadas. Muitas delas improvisadas, feitas às pressas.

As homenagens tomaram o campo quando um grupo de crianças formou o número oito, que Sócrates envergou com a camisa corintiana.

Durante o minuto de silêncio prestado ao ex-jogador, os atletas do Corinthians, no centro do gramado, ergueram os punhos cerrados, como Sócrates eternizou ao comemorar seus gols pelo time.

O gesto foi repetido por cada corintiano no Pacaembu.

O apito do árbitro Wilson Seneme deu início à última tarde de tensão do torcedor alvinegro neste Brasileiro.

Com outros nove jogos simultâneos, o placar do Pacaembu anunciava cada gol que acontecia na rodada.

Cada anúncio era precedido por um silêncio incomum, que se transformava em frustração toda vez que o tento informado não era do Flamengo, que enfrentava o Vasco, único que ainda podia tirar o título do Corinthians.

Aos 22min, porém, o sistema de som do estádio preferiu silenciar. Diego Souza anotara o primeiro gol vascaíno no Rio. A torcida do Palmeiras, em êxtase, fez a notícia chegar aos corintianos.

A primeira explosão alvinegra no estádio se deu logo no início do segundo tempo, quando Valdivia foi expulso.

Não demorou até que, novamente, a torcida alvinegra ganhasse outro motivo para comemorar. Renato Abreu tinha empatado no Engenhão.

Antes que o placar anunciasse o gol flamenguista, a notícia se alastrou pelo Pacaembu, boca a boca, rádio a rádio. O título, esperado por seis anos, parecia próximo.

A confiança fez a principal organizada do Corinthians tripudiar dos palmeirenses.

Faixas formavam as cinco estrelas referentes às conquistas nacionais. Em baixo, a frase "chora, porco".

Nesse instante, Marcos Assunção levantou e Fernandão tocou de cabeça no travessão. O lance criou uma tensão gélida, quase palpável.

Algo que só foi quebrado quando o empate se consolidou no Rio, o que já bastava para o título corintiano.

Fim da partida, fim do nervosismo. Mas com o sofrimento que todo corintiano afirma amar.

(DB, LR, LL E MF)

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