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Juca Kfouri

Felipão no muro

O treinador diz uma coisa quando trabalha num clube e outra quando o patrão é a CBF

FELIPÃO É a favor de que o calendário do futebol brasileiro seja discutido. E acha "normal" a manifestação dos mais de 70 jogadores que assinaram o manifesto do Bom Senso F.C.

Embora nunca jamais em tempo algum tenha acontecido algo nem parecido na história do país. Ou seja, normal não foi e não é. Aliás, tomara que se torne, desde que sem retaliações.

Retaliações que, diga-se, passaram ao largo da convocação feita por Felipão com cinco signatários do documento.

Retaliações que nem se cogita de atingirem o treinador, com a faca, o queijo e a Copa das Confederações nas mãos para poder ser mais enfático e descer do muro em que se aboletou ao dizer que os calendários mundial e brasileiro não são tão diferentes, quando são --e muito.

Porque, como a jabuticaba, campeonato estadual é coisa só nossa. Assim como desrespeitar o período de pré-temporada é genuinamente nacional, o que leva um grande clube brasileiro a jogar até quase 20 jogos a mais que qualquer outro pelo mundo afora.

Sem se falar dos pequenos que passam a maior parte da temporada inativos, quando poderiam estar disputando torneios feitos para seu tamanho, até mesmo os estaduais, sem os grandes.

Felipão, no Palmeiras, achava um absurdo que os nossos campeonatos não parassem nas datas-Fifa.

Mas passou ao largo do absurdo ao estar no papel de funcionário da CBF.

Ora, Felipão está cansado de saber que, quando se faz uma pré-temporada adequada, é muito mais fácil suportar a quantidade de jogos, assim como sabe que os grandes clubes europeus têm elencos que permitem um revezamento de jogadores que a pobreza nacional impede.

Mesmo sem precisar, porque tão intocável agora como quando salvou o pescoço de Ricardo Teixeira em 2002, a lealdade do gaúcho se manifestou de maneira a não fazer o processo progredir como poderia caso o apoiasse com entusiasmo.

Felipão só pensa no hexa e faz sentido que assim seja. Por mais que também saiba que se ganhar Copas do Mundo resolvesse os problemas estruturais do futebol brasileiro este já teria virado a NBA.

A NBA que Carlos Alberto Parreira vislumbrou quando era treinador do... Fluminense. Bastou voltar à CBF para passar a ser um ardoroso defensor da exportação de pé de obra nacional, em nome da experiência que a convivência com o avançado modelo europeu traria aos nossos jogadores.

Há quem ache natural, que é assim mesmo, que não cabe ao empregado criticar o lugar em que se trabalha. Bobagem.

Os melhores e mais leais são exatamente os que criticam, para aperfeiçoar métodos e técnicas em busca de maior rendimento.

Porque, como se diz, vivemos numa democracia. Ainda longe de ser a corintiana, embora mais de 10%, oito dos que assinaram o documento sejam do Corinthians.


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