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Los gringos - Paul Doyle

Ajuda de psicopatas

Interessado em crimes, técnico do Sunderland é conhecido por subverter as expectativas

Foi Roy Keane, um homem caricaturado como psicótico, quem dirigiu o Sunderland quando o time chegou à Premier League, em 2007. Agora, cabe a outro irlandês -com interesse genuíno em homicídios psicóticos- manter o time na primeira divisão.

Martin O'Neill é um técnico de futebol incomum, fato já conhecido em 1995, quando ele foi ao tribunal todos os dias para ver o julgamento de Rosemary West, uma das piores assassinas seriais da Inglaterra. Estudante ávido de crime e criminosos, O'Neill começou um curso de direito na Irlanda do Norte antes de ir à Inglaterra jogar futebol, em 1971.

É conhecido por subverter as expectativas. O futebol inglês ficou chocado quando O'Neill se demitiu do Aston Villa, dias antes do início da temporada passada, após brigar com o presidente por conta de contratações. Também causou surpresa ao levar o Leicester City a títulos e o Glasgow Celtics à final da Copa da Uefa, em 2003. Realizar as ambições do Sunderland de disputar um torneio europeu pode ser sua mais surpreendente façanha.

O estilo de comando de Keane envolvia apavorar o elenco para que se esforçasse ao máximo -e funcionou por algum tempo. Mas o medo é um veneno que paralisa e inibe os atletas: os resultados pioraram e o técnico se demitiu após um chilique.

Steve Bruce, seu sucessor, nunca implantou um padrão de jogo na equipe. E o paradoxo de um time sem comando é que isso convence jogadores a deixá-lo. Com a saída de Darren Bent, Asamoah Gyan e outros, o Sunderland começou a afundar.

Mas O'Neill tem o dom de animar os jogadores, e não só porque se parece com Woody Allen. No passado, sempre adotou um esquema claro, um 4-4-2, com dois alas rápidos disparando cruzamentos para um atacante alto (Nicklas Bendtner seria o ideal, mas a direção disse a O'Neill que ele não terá contratações) e a um segundo avante mais móvel. Usualmente constrói defesas sólidas, protegidas por dois volantes esforçados. Os times que dirigiu se provaram efetivos em alguma medida. Mas o técnico ainda não teve capacidade, ou talvez orçamento, necessária a um futebol criativo.

O'Neill é inteligente para saber que os criminosos mais interessantes são aqueles cujos julgamentos não podem ser vistos, porque sua criatividade os ajuda a não serem apanhados. O mesmo se aplica aos atletas. Saber se ele e seus novos comandados farão história dependerá dos recursos que o técnico tiver e do quanto ele tenha aprendido.

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