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Cartolas escapam de punições rigorosas

COI

Comissão de ética não considera que pagamentos da ISL recebidos por dirigentes africanos configuram suborno

DE SÃO PAULO

Dois membros africanos do COI (Comitê Olímpico Internacional), acusados de envolvimento no escândalo ISL que levou à renúncia do brasileiro João Havelange do comitê há uma semana, escaparam de punições rigorosas.

Ontem, o COI anunciou que o senegalês Lamine Diack, presidente da Iaaf (entidade máxima do atletismo), recebeu só uma advertência. Já Issa Hayatou, presidente da CAF (Confederação Africana de Futebol), foi punido com uma reprimenda.

Ambos admitiram à comissão de ética do COI que receberam pagamentos da ISL -agência de marketing ligada à Fifa na época em que Havelange a dirigia. Mas, segundo a avaliação da comissão, isso não constituiu suborno.

De acordo com os documentos do COI, Diack disse que recebeu da ISL US$ 30 mil e mais 30 mil francos suíços, para arcar com os custos de incêndio de sua casa em março de 1993, que teria sido causado por motivos políticos.

Nessa época, a Iaaf negociava um contrato de marketing com a ISL e Diack era o vice-presidente da federação.

A comissão de ética do COI disse que Diack se expôs a uma situação de conflito de interesses, pois deve ter tido conhecimento das negociações entre a agência e a Iaaf.

Já Hayatou afirmou que ganhou da agência 100 mil francos suíços em razão do 40º aniversário da confederação.

Em uma coletiva de imprensa que durou apenas 13 minutos, o presidente do COI, Jacques Rogge, declarou que o fato de Hayatou e Diack não serem membros do COI na época em que receberam os pagamentos foi um fator "mitigador" para suas punições.

Sobre Havelange, Rogge foi reticente. Disse que o resultado das investigações sobre o brasileiro são confidenciais.

Acusado de receber propinas de US$ 1 milhão da ISL, Havelange poderia ser suspenso por dois anos do COI ou até mesmo expulso se não tivesse renunciado.

"Recebi o pedido de renúncia, que foi aceito pelo Comitê-Executivo. Portanto, o senhor Havelange já não é mais membro do COI e agora é uma pessoa privada", disse Rogge, que evitou fazer mais comentários sobre o brasileiro apesar das insistentes perguntas dos jornalistas.

Com as punições de Diack e Hayatou e a renúncia de Havelange, o caso ISL praticamente se encerra no COI.

Na Fifa, a briga continua. Em litígio com Havelange e Ricardo Teixeira (CBF e Comitê Organizador Local da Copa-14), Joseph Blatter, presidente da Fifa, trabalha para reabrir o caso. O esforço moralizador é o lado visível de uma feroz disputa pelo controle político da entidade que rege o futebol no mundo.

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