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Paulo Vinícius Coelho

A grande derrota

Punir escalações irregulares com a perda de três pontos além dos conquistados é rigor exclusivo do Brasil

É provável que a queda da Portuguesa no STJD não fique como está. É de se imaginar guerra de liminares na Justiça Comum. Mais gols de advogados num assunto que deveria ser definido por centroavantes.

Mesmo quem tentou fazer valer a ideia de que só há uma verdade no caso Flu x Portuguesa sabe que é legítimo ter interpretações diferentes.

Se o Estatuto do Torcedor é soberano ou se o CBJD prevalece é tão discutível que houve posições dos dois tipos nas duas últimas semanas. De jornalistas, advogados, promotores, auditores...

Não pode ser assim.

É indispensável parar de punir os campeonatos. Se um torcedor fere, o próximo jogo acontecerá a 100 km de distância ou com portões fechados. E terá confusão de novo.

Punir escalações irregulares com a perda de três pontos além dos conquistados em campo é rigor exclusivo do Brasil. Que se percam os pontos ganhos no jogo irregular. Só!

A decisão pró-Fluminense é discutível, mas não é arbitrária. A Lusa vacilou. Ser rebaixada porque escalou Héverton é rigor excessivo e pode até ter sido sacanagem! Mas se Héverton não jogasse não haveria chance de mudar o resultado.

Para o Brasileiro, qualquer decisão agora é derrota. É preciso mudar o código. Chega de punir o campeonato por erros de clubes. Ou a cada dia haverá mais brasileiros torcedores do Barcelona e menos do Flamengo.

PRECISA-SE DE REFORÇOS

Lembro até hoje do meu velho avô Alexandrino relatar a agonia de sua juventude na entressafra do futebol. Contava que a saudade doía a partir de maio, quando o Campeonato Português terminava, até agosto, início da temporada seguinte.

Já no Brasil, quando seu neto de 13 anos disputava os jornais da casa para saber das contratações de dezembro, o velho Alexandrino fazia questão de diminuir a expectativa: "Daqui a umas semanas, vão estar todos a dizer que precisam de reforços."

Lembro disso no verão de 1983. São Paulo e Palmeiras disputavam Careca, do Guarani, o Santos comprava Chulapa, do São Paulo, e Paulo Isidoro, do Grêmio, o Atlético-MG contratava Everton, ex-São Paulo.

O velho Alexandrino parece premonitório quando se olha o mercado atual. Fala-se sobre reforços o ano inteiro e, diferente do futebol europeu, que contrata no verão e conserta o elenco no inverno, aqui há sempre um álibi para um novo nome.

O mercado de dezembro foi miúdo por isso e porque não há quem contratar. A novidade são os estrangeiros, até cinco por clube. Lembramos do sucesso de Tévez e Lugano, mas houve Gioino no Palmeiras, Henao no Santos, Acosta no Corinthians. O risco é diminuir o espaço para jovens brasileiros sem aumentar a qualidade dos sul-americanos.

Se você ouvir em março que seu clube precisa de reforços, lembre do trabalho mal feito no fim de dezembro. Eu vou me lembrar de meu avô.


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