Invenção dá errado e gera preocupação

O argumento de Muricy Ramalho para improvisar o zagueiro Durval como lateral esquerdo, em detrimento do ídolo Léo, era que, com o beque, o setor ganharia um maior poder de marcação.

O técnico deve ter ido dormir com dúvidas sobre sua própria justificativa ontem.

A esquerda foi o lado escolhido -e bem escolhido- pelo Kashiwa Reysol para incomodar o Santos na semifinal do Mundial de Clubes.

Durval teve enormes dificuldades para atrapalhar as investidas de Sakai, ala direito que recebeu uma proposta recente do Santos, e que anotou o gol de honra dos japoneses na derrota por 3 a 1.

Foi por ali que a equipe da casa levou mais perigo. Não fosse a péssima pontaria de seus atacantes -Sawa desperdiçou chance clara, sem goleiro, sob as traves-, poderia ter complicado a ida santista para a decisão.

Muricy admitiu que o setor não produziu o que ele esperava, mas não deu pistas de que pretende mudar para o confronto final, no domingo.

"Acho que são dificuldades que não estamos acostumados a ter. A gente marca bem nesse sistema com o Durval na esquerda, mas marcamos mal hoje [ontem]."

O técnico criticou também o volante Arouca. "Era ele quem tinha que marcar a subida do lateral", explicou.

"Vocês viram o jogo, não vou falar se ocorreram problemas defensivos. Espero que no próximo jogo não ocorram. Estou no grupo, independentemente se ele vai me manter ou não no time principal, estou para ajudar o grupo do Santos", contemporizou o zagueiro Durval.

"A dificuldade para o próximo jogo deve ser maior. Não podemos marcar como marcamos hoje [ontem]. Temos que melhorar", disse Muricy.

O assunto irritou o treinador durante a entrevista coletiva realizada após a partida, ontem, em Toyota.

Impaciente, Muricy foi curto e ríspido na maioria das respostas, mesmo com a classificação para a final.

"No Brasil é assim, se você dá muita importância à defesa, a crítica é que você não vai ao ataque. Se vai ao ataque, dizem que tem que defender. A gente tem que fazer o que acha melhor", declarou.

A delegação santista viajaria, de trem bala, na madrugada de hoje, às 2h53 (de Brasília) para Yokohama, onde acontece a final no domingo. Muricy deve acompanhar no estádio a estreia do Barcelona, contra o Al Sadd. (LEONARDO LOURENÇO E RODRIGO BUENO)