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Paulo Vinícius Coelho

A Copa sem pátria

As fronteiras caíram, mas a única razão de manter os torneios de seleções é torcer por um lugar

Pichichi e Zarra são duas instituições do futebol espanhol. Pichichi é o nome do troféu entregue ao artilheiro do campeonato nacional, homenagem ao centroavante do Athletic Bilbao entre 1911 e 1921. Telmo Zarra ganhou o troféu seis vezes. É dele o maior número de conquistas e foi seu o recorde de gols por 50 anos, até Cristiano Ronaldo quebrar sua marca, em 2011.

Há nove temporadas, desde 2005, Zarra dá nome a outro prêmio de goleador, mas este só para espanhóis. Nos dez anos anteriores à criação do Troféu Zarra, seis Pichichis tinham sido vencidos por estrangeiros. Daí a criação de uma taça só para os goleadores nascidos na Espanha.

O atual líder do Troféu Pichichi é português: Cristiano Ronaldo. Já o líder do Troféu Zarra é... Diego Costa!

O atacante nascido no Brasil não podia concorrer no ano passado, porque não era espanhol naquela época. Negredo fez 25 gols pelo Sevilla e ficou com o Zarra.

Sergipano de Lagarto, Diego estreou por duas seleções nacionais no intervalo de um ano. Em março de 2013, jogou pela seleção de Felipão contra a Itália. Duas semanas atrás, vestiu a camisa da Espanha, também contra a Azzurra.

Na mesma data, a Itália escalou três estrangeiros --o brasileiro Thiago Motta, os argentinos Osvaldo e Paletta, campeão mundial sub-20 de 2005 pela seleção do país onde nasceu. A Espanha entrou em campo com Thiago Alcântara. Filho do brasileiro Mazinho, Thiago poderia optar pela seleção brasileira ou pela italiana --nasceu na Puglia.

Muitos jogadores disputarão a Copa por seleções de países distantes de onde nasceram. Podolski nasceu na Polônia e jogou só pela seleção da Alemanha --ele é e se sente alemão. A relação de Paletta com a Itália é outra. A Azzurra precisava de um zagueiro e Paletta da visibilidade de quem joga um Mundial.

Cada um sabe onde o calo aperta, cada qual tem o direito de escolher sua nacionalidade, principalmente depois de a Fifa mudar as regras --só quem atuou em competições oficiais está preso a uma seleção.

Os grandes torneios de clubes já são multinacionais. O Chelsea, em 1999, foi o primeiro a escalar 11 estrangeiros. As fronteiras caíram, mas a única razão de manter os torneios de seleções é torcer por um lugar, um jeito de viver ou de jogar futebol --mesmo que esses jeitos sejam mais parecidos.

Há duas semanas, o técnico da Espanha, Vicente Del Bosque, afirmou não haver compromisso de convocar Diego Costa na lista final. O sergipano disputa com Negredo, do Manchester City, Fernando Torres, do Chelsea, e Soldado, do Tottenham. Apesar da declaração de Del Bosque, a convocação de Diego Costa é quase certa. Ele é um dos dois melhores atacantes da Espanha.

Mas que é esquisito ele ganhar o troféu Zarra, isso é...


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