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Paulo Vinícius Coelho

O subúrbio do mundo

Na periferia do futebol, os desprezados hoje sonham ser premiados do futuro. É esse Brasileirão que começa

O jogo Vitória 0 x 0 América valia a primeira rodada do Brasileirão 1988. Estava no intervalo, quando um emissário da CBF chegou ao estádio com o regulamento do campeonato. O aviso era importante: todos os empates seriam decididos por pênaltis. Quando o campeonato começou, não tinha regulamento!!!

Mais de 25 anos depois, o Brasileiro começa sem participantes. Ou ao menos com dúvida sobre quanto tempo durará a incrível guerra de liminares entre Icasa, Portuguesa e CBF.

O retrocesso é parte do cardápio, mas não é o prato principal da crise. Neste período da história, olha--se cada vez mais para Espanha, Inglaterra e Alemanha como centro do futebol mundial.

O Brasileiro é caso único no quesito bagunça. Mas está empatado com o Português, o Argentino e o Holandês nas críticas pelo nível técnico e qualidade do espetáculo. Os craques estão nas grandes ligas.

O Benfica será campeão português hoje se vencer o Olhanense. O Ajax confirmará o título holandês com empate contra o Heracles.

Mas o melhor português é Cristiano Ronaldo e joga a 600 km de Lisboa, pelo Real Madrid. O melhor holandês é Robben e está a 800 km de Amsterdã, no Bayern.

Lisboa, Amsterdã, Buenos Aires, Montevidéu, Rio e São Paulo formam o grande subúrbio do futebol mundial. Na periferia, os desprezados do presente sonham ser os premiados do futuro. É esse Brasileirão que começa neste final de semana.

Dos campeonatos do subúrbio, só o Brasil tem chance e jogadores para criar um torneio relevante. Que fizesse um louco por futebol se levantar em qualquer cidade do planeta e olhar o que tem na agenda da Páscoa: Stuttgart x Schalke na Alemanha, Norwich x Liverpool na Inglaterra, Barcelona x Athletic Bilbao na Espanha, São Paulo x Botafogo no Brasil.

O Brasileirão passa ao vivo em países como Portugal, Itália e Espanha. Só não tem relevância.

Para que tenha algum dia, alguém deve cuidar do pobre campeonato. Isso inclui o acordo para que ninguém fique à caça de liminares.

A Uefa determinou inválida a cláusula do contrato entre Chelsea e Atlético de Madri, que proibia o goleiro Courtois de enfrentar a equipe inglesa. O interesse da Uefa é o equilíbrio da Liga dos Campeões, o torneio que promove.

O Chelsea poderia recorrer à Justiça para fazer prevalecer o contrato. Qualquer um tem esse direito. Não o exerce pois o interesse soberano se chama Champions League.

Voltamos ao subúrbio. Em 2008, o Boavista de Portugal foi rebaixado por acusações de corrupção no escândalo do Apito Dourado. Foi à Justiça, sem liminares. O caso percorreu todas as instâncias. Seis anos depois (!) a determinação é que volte à Primeira Divisão.

Deve ser nossa herança, pá! Pois então que se aprenda a buscar os julgamentos, não as liminares.


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