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Valcke critica o atraso de arenas da iniciativa privada
COPA Dirigente da Fifa reclama da situação dos estádios de SP, PR e RS
De volta ao Brasil e, de novo, impaciente, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que o país não tem nenhum segundo a perder. E ainda criticou os estádios da Copa conduzidos pela iniciativa privada.
Exasperado com as justificativas a respeito dos atrasos nas obras do Itaquerão, estádio paulistano que irá abrir a Copa, ele rechaçou as comparações com a África do Sul, organizadora do Mundial de 2010, quando também ocorreram problemas nas entregas dos estádios.
"Não importa se a África do Sul estava [ou não estava] pronta. Importante é o Brasil estar pronto. A Copa de 2010 foi há quatro anos", lembrou.
Na manhã de ontem, Valcke vistoriou as obras do estádio do Corinthians e soube que o estádio não vai passar por nenhum evento-teste com a sua capacidade total (68 mil pessoas). O Itaquerão ficará pronto "no último minuto", disse, sem disfarçar o incômodo com a situação.
A primeira partida com lotação máxima será justamente a abertura, Brasil x Croácia, em 12 de junho.
Antes disso, acontecerá o jogo entre Corinthians e Figueirense, em 17 ou 18 de maio, pelo Brasileiro. A lotação máxima será 50 mil.
ODE À RUSSIA
À tarde, o secretário-geral foi a Curitiba e lembrou que os estádios privados foram os que mais deram dores de cabeça aos organizadores.
"Na Rússia [em 2018], ainda bem, só temos um estádio privado", citou o dirigente.
Valcke se referia às arenas de Curitiba, São Paulo e Porto Alegre. As duas primeiras ainda estão em construção e deverão ficar prontas a poucas semanas da Copa.
No caso do Beira-Rio, na capital gaúcha, as obras do entorno estão atrasadas.
O secretário-geral apontou que a estrutura de financiamento dos estádios particulares é diferente da dos estádios públicos, em que o fluxo de desembolsos foi mais contínuo e evitou atrasos.
Em Curitiba, demora na liberação dos financiamentos públicos e falta de caixa próprio retardaram o avanço da Arena da Baixada, que pertence ao Atlético-PR.
CONTAGEM REGRESSIVA
Entre os comentários de Valcke, o mote central foi o tempo, algo que falta aos organizadores da Copa --a partir de hoje, restam só 50 dias para o início do torneio.
"O cronograma está muito apertado. Não sou sonhador. Gosto de ver coisas concretas. Não temos outra escolha", completou, resignado com a demora na entrega das obras.
No caso do Itaquerão, a Fifa vai "assumir" o controle do estádio apenas em 20 de maio, a 23 dias da abertura.
O presidente da Federação Nacional dos Engenheiros e do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, Murilo Celso de Campos Pinheiro, foi um dos especialistas que disse à Folha estranhar a decisão de não realizar testes com a capacidade máxima. Mas acredita que a escolha não representa negligência à segurança.
"Podem estar com receio pelos acidentes que aconteceram [mortes de três operários]. Normal seria testar com capacidade máxima, mas não compromete. Se for para acontecer algum problema, vai acontecer com 50 mil ou 68 mil pessoas", analisou.
"Poderia ser realizado [com capacidade máxima], mas não é raro que não seja. À exceção da Copa das Confederações, em 2013, quando foram para o tudo ou nada, os outros estádios da Copa também foram testados sem usar o público total", diz o engenheiro Marcelo Tessler.