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Juca Kfouri

Plebiscito para megaeventos

O mundo avançado consulta a população antes de levar adiante a ideia de sediar Copas ou Olimpíadas

A CONSCIÊNCIA nacional de que megaeventos são muito bons para quem os detêm e, salvo exceções, ruins para quem os recebe, deve ser o maior legado da Copa do Mundo.

Se essa conscientização resultar em pressão para que se faça no país uma lei que exija consulta popular antes que se decidam candidaturas, teremos avançado em nosso processo civilizatório.

Lembremos que em Saint Moritz, na Suíça, em Munique, na Alemanha, e em Estocolmo, na Suécia, plebiscitos resolveram que as três cidades não deveriam pleitear ser sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022.

RETRATO CONVOCADO

Felipão é gaúcho autêntico, daqueles que se orgulham dos pampas, mas não convocou nenhum jogador da dupla Gre-Nal.

José Maria Marin é paulista, representante do que há de pior na política do Estado, bairrista empedernido e, mesmo assim, não há ninguém do futebol de São Paulo na seleção.

Também porque não é de hoje que se deu a quebra de vínculos entre torcedores e a seleção, apesar de a Copa das Confederações, no bojo das manifestações de junho, tê-los reatado de forma surpreendente.

O problema está em que o torcedor brasileiro não sabe bem quem são os jogadores que compõem boa parte da seleção: Maicon, Maxwell, Fernandinho, Luiz Gustavo, seja franco, se você encontrá-los na rua os reconhecerá? Nenhum deles saiu do Brasil com o cartaz feito, assim como também Hulk, Dante, Willian.

Pé de obra exportada, fruto da falência do modelo de gestão que há décadas infelicita o futebol cinco vezes campeão mundial --e que pode ser hexa apesar dele, jamais por causa.

Então é isso: Felipão terá de religar a torcida ao time, coisa que já mostrou saber fazer aqui e em Portugal. Não serão as campanhas publicitárias de padrão Fifa, as novas marchinhas, nada disso. Será pelo futebol, mesmo que mais o da ralação do que o da inspiração, porque no grupo equilibrado que ele montou sobram vontade e jogadores competentes, mas falta brilho, não por sua culpa.

Neymar é a andorinha solitária e nem por isso faz sentido, com todo tempo que tiveram para ganhar um lugar, pedir por Ronaldinho, Robinho ou Kaká, experientes e talentosos, de fato, mas no bagaço.

Neste aspecto, Luiz Gustavo é o símbolo deste time, capaz de trocar o conforto do enorme Bayern de Munique pelo médio Wolfsburg, onde tinha certeza de que jogaria.

Se cabe ao Felipão e aos jogadores a parte mais difícil, cabe ao povo brasileiro a mais fácil: mobilizar-se para exigir uma legislação que impeça, seja para quando for, que nos imponham goela abaixo novos megaeventos.

Que fazem alegria da Fifa, do COI, das empreiteiras, agências de propaganda, grupos de mídia etc., mas, em regra, fazem mal aos países e às cidades.


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