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Juca na Copa
Nas mãos de Felipão
Em tempo algum a torcida confiou tanto num treinador. O que pode não ser bom sinal
O DATAFOLHA não perguntou se o torcedor confia mais no técnico ou no melhor jogador, se em Luís Felipe Scolari ou em Neymar. Se perguntasse não seria surpresa caso a resposta cravasse o nome do treinador.
Porque com 68% de aprovação antes de a Copa do Mundo começar, mais do dobro de em 2002, Felipão virou a salvação, rima e solução.
Talvez Telê Santana, em 1982, obtivesse índice parecido, mas ninguém mediu.
Porque nem Vicente Feola, em 1958; Aymoré Moreira, em 1962; Zagallo, em 1970, nem muito menos Carlos Alberto Parreira em 1994, sonhavam com tamanha confiança, para mencionar apenas os que foram campeões, porque, como o próprio Datafolha mostrou, em 2006 a aprovação de Parreira era de 62% e deu no que deu.
Diante de tal constatação, ao Felipão só resta ser novamente campeão ou protagonista de frustração diretamente proporcional o que, convenhamos, não aumenta nem diminui sua responsabilidade. Aliás, talvez fosse melhor estar desacreditado para fazer da motivação o combustível de calar os críticos, bem ao seu estilo. Mas abstraia a figura de Felipão se for capaz, ele que anda onipresente por aí.
Como o time recebe a informação? Fica mais seguro por saber que o comandante goza da admiração popular ou se sente menor que o chefe? Afinal, desde quando técnico ganha jogo? E Copa do Mundo?
Ora, a torcida repete os 68% ao manifestar sua crença no hexacampeonato, o que pode ser entendido também como equânime divisão de expectativas e responsabilidades, além da confiança.
Verdade que extrapola das funções do Datafolha, mas seria ótimo se o instituto perguntasse aos alemães, argentinos, espanhóis e italianos se eles estão de acordo, embora uma coisa seja certa: hoje, a três dias da Copa, Felipão seria o vice ideal dos que sonham com a presidência da República.