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Ana Estela

estranhos no ninho

Desafio!

Usar a tecnologia para revisar decisões duvidosas impede que resultado de jogo vire mercadoria

Alemanha, oitavas de final, 48 min do segundo tempo. Itália e Austrália, 0 a 0. Da esquerda, o lateral Grosso invade a área e tromba no zagueiro Lucas Neill. Pênalti. Totti chuta no canto direito e define. Já em 2006, seria um final arcaico. Em 2014, bastaram dois dias para perceber que passou da hora de usar a tecnologia para revisar lances duvidosos que mudam o resultado.

O risco dá graça ao jogo, dirão alguns. Claro! O risco dá graça à vida. O melhor time nem sempre vence, um bom produto encalha, seu grande amor pode amanhã se apaixonar por outra/o. Corações feridos à parte, bons empreendedores e bons técnicos colocam o risco na conta e trabalham para evitá-lo. O problema não é o risco, mas a incerteza, porque não há parâmetros para calculá-la: o poder fica todo nas mãos de quem decide. No caso do futebol, o juiz.

O tal GLT (que avisa quando foi gol) é cortina de fumaça; o importante é poder contestar decisões do juiz. Marcou pênalti duvidoso? Volta a fita. Não marcou? Idem. Com a vantagem de que tira-teimas trazem suspense e reviravoltas, elementos clássicos de uma boa história.

Muito além de evitar injustiças, a medida impede que resultados do jogo virem mercadoria. A subjetividade põe lenha na fogueira dos grupos de pressão (e as torcidas sabem disso) e viabiliza o mercado de benefícios. Não é por outro motivo que a Europol (polícia europeia) investiga os resultados de 680 jogos entre 2008 e 2011 (incluindo partidas da Copa de 2010).

Para não esquecer a economia, o enredo acima, adaptado a políticas "setoriais" em que o governo decide quem ganha (incentivos) e quem perde (competitividade), conta também uma história de discricionariedade, grupos de pressão e as mazelas decorrentes.


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