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Virada

Fifa é obrigada pela Justiça a divulgar documentos que podem comprometer Teixeira e Havelange

NELSON BARROS NETO
DE SÃO PAULO

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi obrigado ontem pela Justiça suíça a revelar o conteúdo do dossiê ISL, o maior escândalo de corrupção da história da entidade.

Considerado uma ameaça há alguns meses, o caso se tornou recentemente uma arma contra os principais rivais do suíço neste momento, os brasileiros Ricardo Teixeira e João Havelange.

O dossiê revelaria que os dois cartolas devolveram dinheiro de propinas após fazerem, junto com a Fifa, acordo para encerrar sob sigilo investigação criminal na Justiça de Zug, na Suíça, em 2010.

Tal acusação foi feita pelo programa "Panorama", da BBC, no ano passado. Sem provas, a rede britânica, assim como outros veículos e jornalistas, entrou com ação para encerrar o sigilo, decisão que só saiu agora.

As propinas seriam parte de um total de US$ 100 milhões (cerca de R$ 186 milhões) pagos pela ISL, ex-parceira de marketing da federação, a cartolas para garantir a exclusividade sobre direitos de TV e outros negócios relativos à Copa do Mundo.

Mas a empresa, que no Brasil chegou a fechar contratos milionários com Flamengo e Grêmio em 1999 (além de flertar com clubes de São Paulo), quebrou em 2001. O processo judicial de falência na Suíça acabou por revelar o pagamento de subornos, o que levou a Justiça do país a abrir uma investigação criminal.

Encerrado no ano passado, o processo era algo que a própria Fifa queria esquecer. A disputa eleitoral no primeiro semestre deste ano, porém, fez Blatter mudar de ideia.

Diante de acusações de corrupção na escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022, o presidente da Fifa viu sua reeleição ameaçada, entre outros, pelo grupo comandado por Teixeira e Havelange.

Desde então, vários dirigentes foram afastados da instituição. Com o discurso de limpar a Fifa, Blatter prometeu em outubro reabrir o caso ISL, o que agora está obrigado a fazer. "Estamos cientes da decisão e não vamos recorrer, até porque esse é o posicionamento da entidade e do presidente Blatter", disse a assessoria da Fifa à reportagem por e-mail.

Outros envolvidos têm 30 dias para tentar um recurso.

Publicamente, Blatter havia prometido liberar o dossiê neste mês. Porém, há pouco mais de uma semana, durante o Mundial de Clubes no Japão, alegou o bloqueio judicial para adiar o assunto.

"A Fifa não está na posição de fazer qualquer declaração relativa ao conteúdo enquanto o dossiê não for publicado", completou, por meio de nota, a assessoria do suíço.

Também procurada, a CBF se limitou a declarar que a nova decisão é "indiferente".

Principal executivo da Copa no Brasil, Teixeira já está em posição bastante desconfortável com o governo. Seu último ato foi trazer Ronaldo para fazer parte do comitê.

Havelange, por sua vez, renunciou ao cargo vitalício que tinha no Comitê Olímpico Internacional, que também investigava o caso ISL.

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