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Músicas de adversários empolgam até os brasileiros

CRISTINA GRILLO FABIO BRISOLLA DO RIO

Do alto de uma cadeira, o voluntário Gabriel Rocha se empolga com a animação dos argentinos. E o megafone usado para orientar engrossa o coro com os "hermanos".

"Brasileiro, brasileiro", começa. Sem entender a letra, emenda um "lá-lá-lá". Os argentinos adoram, escalam a cadeira para abraçar o voluntário. Rocha capta a última estrofe e solta: "Maradona es más grande que Pelé".

"Acho que tem bobagem na letra, mas são tão animados que resolvi cantar junto", dizia Rocha, de plantão numa entrada do Maracanã no domingo (15), quando a Argentina bateu a Bósnia.

O corinho que animou o voluntário cita o passe de Maradona para o gol de Caniggia que eliminou o Brasil da Copa de 1990. A letra diz que "Cani" te "vacinou" --verbo que por lá tem conotação sexual, alusão à penetração.

O novo hit "bombou" num bandeiraço promovido pelos argentinos em Copacabana. "Ninguém conhecia a música na Argentina", disse o chef de cozinha Nico Puleo, 26.

A resposta brasileira não demorou. De carona na melodia argentina, um grupo cantava na praia carioca: "Se você é argentino/então diga como é/ter somente duas Copas/uma a menos que Pelé".

A variedade da cantoria de torcedores rivais, principalmente latino-americanos, por ora vem deixando para trás o monocórdio "Eu sou brasileiro" da torcida nacional --que ontem (23) começou a mostrar um arsenal mais variado.

Após Brasil x México no Castelão (Fortaleza), o mexicano José Jimenez, 39, se dizia espantado. "Se o Brasil tem o melhor futebol, por que os brasileiros não cantam?"

Jimenez se gabava do "abafo" promovido pelos gritos mexicanos na arena e do cancioneiro asteca: "Temos mais de 20 músicas diferentes".

Uruguaios cantam "Voltaremos a ser campeões como na primeira vez", alusão ao "Maracanazo", a vitória sobre o Brasil na Copa de 1950.

Chilenos também trouxeram alfinetadas. "Como é se sentir um visitante/jogando em sua própria casa?". O soldador Patrício Salas, 37, dizia ter percorrido 5.000 km com canções de exaltação à seleção chilena no som do carro.

Europeus também montaram repertório, embora menos variado. Alemães pulam ao comando "Levante quem for alemão" e passam o jogo urrando o riff "Uô ô ô ô ô ô ô", do grupo White Stripes.

Americanos, otimistas, berram "Eu acredito que vamos vencer"; belgas cantam em francês e em flamengo algo como "Onde é a festa/aqui é a festa", balançando tridentes dos "diabos vermelhos".

No domingo (22), russos ensaiavam a "Katyusha", música de incentivo a soldados da Segunda Guerra. "Só cantaremos após a vitória", explicava Pavel Golubev, 37. A Rússia perdeu e a "Katyusha" foi para a gaveta.


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