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Mônica Bergamo

SEGUNDO TEMPO

'Veja quantos argentinos', diz Merkel 'nervosa' no Maracanã

"Sim, eu estou muito nervosa", disse à coluna Angela Merkel no intervalo da partida entre a Alemanha e a Argentina, ontem, no Maracanã, no Rio. Antes mesmo de começar o jogo, ela circulava de um lado para o outro, sempre com uma taça de champanhe na mão. Bebeu várias.

A Folha acompanhou a partida final no camarote V-VIP ("Very-VIP), espaço de segurança máxima reservado aos chefes de Estado e à cúpula da Fifa. Nele também estavam a presidente brasileira, Dilma Rousseff, e o presidente russo, Vladimir Putin --que chegou cercado por cerca de 20 seguranças. Jornalistas são vetados no lugar.

Com mais de 45 minutos de jogo, as duas seleções seguiam empatadas. E a Argentina conseguia segurar os europeus com a ajuda de sua torcida azul e branca, uma das mais aguerridas de toda a Copa.

Merkel havia deixado a sua poltrona e, na companhia de um assessor, olhava para o gramado vazio. Depois de um certo tempo, começou a observar as arquibancadas.

"Veja quantos argentinos. Há muitos aqui no estádio. Ali [no lado oposto em que ela estava] só tem argentinos", afirmava a alemã.

A Folha diz a Merkel que, embora em menor número, os alemães contam com o apoio quase unânime dos brasileiros na arena.

"Agora eu tenho que me concentrar no jogo", despediu-se ela, retornando à sua poltrona.

"Eu disse ao [presidente da Rússia, Vladimir] Putin: mais um pouco e a [Angela] Merkel ia ter um ataque do coração", contava Dilma Rousseff.

No intervalo, a presidente conversava com convidados da Fifa --entre eles, Dunga, o capitão da seleção campeã do mundo em 1994 e depois técnico em 2010.

"Eu tô torcendo para nenhum dos dois ganhar", cochichou o ex-jogador no ouvido da presidente. Dilma riu até ir às lágrimas. "Essa foi boa!", disse ela. "Eu também, Dunga. Mas não dá, um vai ter que vencer."

Ainda que inconfessado, havia certo nervosismo entre assessores da presidente com a possibilidade de ela ter que entregar a taça a Messi, o craque da seleção arquirrival do Brasil. As vaias vindas da torcida, que já eram esperadas com qualquer resultado em campo, poderiam tomar proporções históricas.

"Olha, eu estou tranquila, viu? Eu estou me mirando no exemplo do rei sueco Gustavo 6º. Na final da Copa de 1958, na Suécia, o Brasil fez cinco gols na seleção deles, que estava na final. Fomos campeões e ele nos entregou a taça", disse Dilma à coluna.

"Aqui dentro, como presidente da República, eu não torço por ninguém. Você tem que admitir que é um esforço sobre-humano, né?", disse.

O gol da Alemanha, nos últimos minutos da prorrogação, foi o grande teste para Dilma. Ela levou a mão direita à boca, como quem segura o rosto inteiro para evitar transparecer qualquer emoção.

"Não, você está enganada. Eu fiz esse gesto várias vezes. Eu fiquei perplexa em alguns momentos do jogo, que foi muito bom", desconversou quando a Folha perguntou se aquele movimento poderia ser uma pista de sua predileção pela Alemanha, como ocorria com quase toda a torcida brasileira no Maracanã.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, parecia uma estátua no momento em que a Alemanha definiu a partida.

No camarote V-VIP, entre taças de champanhe Taittinger, o assunto ainda era o vexame do Brasil na Copa. "Faltou experiência. Faltou o Kaká e o Ronaldinho", dizia o tenor Plácido Domingo para o presidente da CBF, José Maria Marín.

O vice-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também demonstrava desânimo. "Nem dá vontade de ver o jogo hoje, né?"

"Eu não conseguia acordar no dia seguinte [da goleada da Alemanha sobre o Brasil]", dizia o ex-jogador Bebeto numa roda com Cafu e Dunga. "Era como se eu estivesse no meio de um pesadelo. Eu fiquei com vergonha de sair na rua."

Fim de jogo. "A Alemanha passou sufoco agora com a Argentina, com Gana e também com a Argélia. Não são eles apenas que são bons. O Brasil é que jogou muito mal", dizia Dunga.

O jogo duro dos vencedores contra a Argentina não reforça o fracasso do Brasil? "Reforça a nossa tristeza", responde Dilma à coluna, antes de sair do espaço V-VIP para entregar a taça aos campeões do mundo.


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