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Rita Siza

2012, ano olímpico

Minha memória colecciona grandes momentos olímpicos; que Londres acrescente mais à colecção

Ano novo, vida nova -ou, neste caso, coluna nova. O meu plano para 2012, ano de Olimpíada em Londres, é dedicar este espaço ao fenómeno olímpico. Tenciono escrever sobre as modalidades que compõem o programa esportivo dos Jogos e os atletas -do passado e da actualidade- que emprestaram o seu nome às glórias e infâmias olímpicas.

Mas estou interessada também em alargar os horizontes e olhar o que se passa fora das pistas, dos relvados, dos campos e das piscinas onde decorre a competição. Porque a Olimpíada não começa nem se esgota nas provas, poderei falar de questões relacionadas à organização, ao turismo, à mídia, aos patrocínios e ao merchandising.

A minha mais longínqua recordação de uma Olimpíada remonta a 1980. Ainda criança, ignorei naturalmente todos os imbróglios políticos e diplomáticos que ensombraram os Jogos Olímpicos de Moscovo, capital da União Soviética. Só bem mais tarde vim a saber que os Estados Unidos e umas dezenas de outros países tinham recusado participar na competição por causa da invasão soviética do Afeganistão, um ano antes.

Desses Jogos, retenho a imagem da italiana Sara Simeoni voando sobre a fasquia no salto em altura, numa contorção que na altura me parecia sobre-humana e extraordinária. Ou da inesquecível ginasta romena Nadia Comaneci, cujas exibições me punham a dar cambalhotas e piruetas em desajeitadas tentativas de replicar a sua técnica e graça.

De então para cá, a minha memória colecciona grandes momentos olímpicos. Naturalmente, aqueles que consagraram atletas portugueses: ainda hoje me sinto emocionada quando revejo as imagens de Carlos Lopes, o primeiro a trazer uma medalha de ouro para Portugal, na prova da maratona de Los Angeles 1984, e, quatro anos mais tarde, de uma franzina Rosa Mota, a corredora que me habituara a ver treinar pelas ruas da minha cidade, asmática como eu, a levantar os braços, humilde e digna, na meta do estádio olímpico de Seoul. Mais muitos outros, que nos revelaram imensos talentos e proporcionaram espectáculos incríveis: o inigualável Carl Lewis, o "Dream Team" do basquetebol americano, o surpreendente Ian Thorpe e o fenomenal Michael Phelps...

E, extracompetição, tornei-me consciente do efeito e do impacto que os Jogos Olímpicos podem ter sobre o urbanismo de uma cidade (Barcelona em 1992 e Pequim em 2008 foram paradigmáticas), sobre o orgulho de um novo país (quando atletas de Timor Leste levantaram a sua bandeira).

Venham, pois, os Jogos de Londres para acrescentar muitas mais memórias à colecção.

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