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Tostão

De vez em quando

De vez em quando, vejo coisas boas no futebol brasileiro; pena que só de vez em quando

Há coisas boas no futebol brasileiro. De vez em quando, vejo excelentes partidas, belos lances e times com um jogo coletivo, moderno e eficiente. De vez em quando, vejo partidas com poucas faltas, poucas simulações, poucos chutões, poucas trombadas, poucas discussões e poucas ofensas. De vez em quando, vejo estádios cheios e boas arbitragens. De vez em quando, vejo dirigentes com boas ideias.

De vez em quando, vejo, escuto e leio ótimas análises sobre o jogo coletivo, e não apenas sobre lances isolados e/ou erros dos árbitros. De vez em quando, vejo que algumas pessoas explicam e compreendem o futebol. "Os que têm estudo explicam a claridade e a treva, dão aulas sobre os astros e o firmamento, mas nada compreendem do universo e da existência, pois bem distinto de explicar é compreender e quase sempre os dois caminham separados" ("O Albatroz Azul", de João Ubaldo Ribeiro).

O problema do futebol brasileiro é que as coisas boas acontecem de vez em quando. É preciso haver um grande esforço de todos para que as coisas boas ocorram com mais frequência. Para isso, é necessário ter mudanças, dentro e fora de campo, que deveriam começar pela CBF. Não se pode também esconder a realidade. Jogos péssimos, como o entre Flamengo e Botafogo, precisam ser ditos que são péssimos, mesmo quando são emocionantes.

No fim de semana, vi coisas boas, como a estreia de Kaká, as ótimas atuações do Cruzeiro, de Ricardo Goulart, de Everton Ribeiro, de Elias e, mais uma vez, a excelente estrutura tática do Goiás, de Ricardo Drubscky, preparada para um time muito modesto de valores individuais, que me lembra a Costa Rica na Copa.

Kaká, mais pela esquerda, e Ganso, mais pelo centro, podem formar uma boa dupla. Sempre atuaram na mesma posição, mas são completamente diferentes. Kaká é muito mais um atacante, e Ganso, um armador. O meio-campo, para Kaká, é apenas passagem, para ele receber a bola e ir em direção ao gol. Para Ganso, é a moradia. Alguns assistiram à Copa e não compreenderam nada. Querem que Ganso jogue como Kaká.

Ricardo Goulart tem as características muito parecidas com as de Kaká, e Everton Ribeiro, com as de Ganso. Evidentemente, Ricardo Goulart não tem o talento que Kaká teve na maior parte da carreira. Everton Ribeiro se movimenta muito mais que Ganso e é, hoje, mais eficiente.

De vez em quando, ou melhor, várias vezes, vi momentos espetaculares de Ronaldinho no Atlético-MG. Um torcedor me disse que foi a todas as partidas do Galo, que se sentava nas primeiras filas, só para ver Ronaldinho, para ele, o melhor jogador que viu tão de perto. Ele falou ainda que nunca viu alguém dominar tão bem uma bola, mesmo vinda de um chutão, para, em seguida, olhando para um lado, dar um passe tão preciso para outro. Ele completou: "Nem acredito no que vi."


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