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Juca Kfouri

Verde que te quero ver

Este Palmeiras que completa 100 anos não é o Palmeiras que já vi e que quero ver ainda muito mais

QUANDO DESPERTAVA para o futebol vi meu time ser campeão estadual pela 15ª vez ao empatar com o Palmeiras, em fevereiro de 1955, no histórico título de 1954, o do 4º Centenário de São Paulo.

Então, as glórias eram quase todas contadas pelo que acontecia em nossa aldeia e meu time era o maior.

Quando já estava bem acordado para o futebol, vi o Palmeiras superar o Santos de Pelé e ganhar seu 13º Campeonato Paulista.

Meu time já jejuava havia cinco anos e o Palmeiras seguiu enfileirando conquistas até que, em 1976, livrou três taças de vantagem, a 18ª. Em 1966 tinha empatado nos 15 e, em 1972, invicto, superado o Corinthians.

O grande rival aparentemente rivalizava também em número de torcedores, quando ainda não existiam as pesquisas para medir tamanho de torcidas.

O Palmeiras era mais que uma pedra no sapato alvinegro: era uma rocha que parecia inalcançável.

Seguiu sendo anos afora, porque atingia o mesmo número de Taças Rio-São Paulo e começava a colecionar troféus nacionais, como duas Taças do Brasil e quatro títulos brasileiros em 1967/69/72 e 1973.

Meu sofrido time só saiu da fila estadual em 1977 e nacional em 90.

Havia ainda a polêmica sobre o que valia mais, a Copa Rio de 1951, ganha pelo Palmeiras em torneio com o grande Vasco e a Juventus italiana, entre outros, ou a Pequena Taça do Mundo de 1953, na Venezuela, vencida pelo Corinthians, contra Barcelona e Roma.

Meu pai, de quem herdei a paixão, não tinha dúvida em dizer que a glória alviverde era maior.

Nos anos 90 as coisas se equilibraram embora o Palmeiras tenha vencido primeiro a Libertadores e impedido duas vezes que o Corinthians a decidisse.

Verdade que ao Mundial de Clubes o meu chegou primeiro e, diz a Fifa, duas vezes.

Tudo isso para dizer que não acho nenhuma graça em ver o Palmeiras na segunda divisão, como já vi por duas vezes e não quero pela terceira, assim como não achei, admito, ainda mais, graça alguma em sofrer com o meu time nela.

Há males que não se desejam nem aos inimigos, muito menos para adversários, principalmente quando um rival que alimenta a sua grandeza.

A falta do dérbi paulistano em quaisquer torneios que se disputem apenas apequena o próprio torneio. Daí querer ver o Verde Imponente de novo --e de novo, e de novo.

Não tenho a receita imediata, mas sei que passa pela urgente pacificação política no clube, sem vendetas suicidas tão a gosto da brava colônia italiana que lhe trouxe à luz para brilhar como um dos maiorais do mundo da bola.

Que quando setembro vier, depois da celebração de amanhã, o vinho santo afaste os cálices do rancor e transforme a dor em alegria por mais um século.

É o que quer este maduro corintiano.


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