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Juca Kfouri

A dança dos técnicos

Quem será o treinador que perderá o emprego na última rodada do turno para manter a média nacional?

MAIS QUE BIZARRA ou ridícula é sintomática a dança de cadeiras entre os técnicos nas 18 rodadas do Brasileirão. Resta saber quem cairá no fim de semana para manter a média de uma troca por rodada.

Pensemos juntos, rara leitora, raro leitor: o que Dunga tem a ver com Felipão? E Dorival Júnior com Ricardo Gareca? E Enderson Moreira com Oswaldo de Oliveira?

Não vale responder que cada um deles substituiu o outro.

A resposta certa é não têm nada a ver.

E a constatação é simples: todas as trocas revelam apenas nenhum planejamento de quem os contratou e os demitiu.

Prova de que o futebol brasileiro, da CBF aos clubes, vive de tentativas e erros.

Digamos que a situação de Felipão tenha ficado insustentável depois dos 7 a 1. Ou a de Gareca depois de ganhar apenas quatro dos 27 pontos que disputou. Ou ainda a de Oswaldo de Oliveira depois de perder cinco jogos em seis.

O que deveria fazer um gestor competente diante de tais situações? Mudar tudo ou tentar achar profissionais que mantivessem, ao menos, o perfil do que vinha sendo feito, em vez de fazer tábula rasa do trabalho anterior.

Pergunte se Felipão conversou com Dunga. Se Gareca falou com Dorival ou se Enderson recebeu informações de Oswaldo. Tenha certeza de que nem isso aconteceu.

Os que vão embora tratam de garantir que receberão suas multas e vida que segue.

Enderson que também não tem nada a ver com Felipão perdeu seu emprego para ele porque o ex-técnico da seleção estava dando sopa e o Grêmio temeu perder a chance de tê-lo.

Já Oswaldo foi dispensado de surpresa porque Enderson negociava com o Vasco e o Santos ficou com medo de dar mais tempo, como deveria, a quem estava na Vila e perder quem parece ter um futuro promissor.

Sim, é claro, Enderson também não tem nada a ver com Adílson Batista, o treinador que caiu no Vasco.

Você poderá argumentar que, às vezes, a troca dá certo e tanto é assim que o Flamengo trocou duas vezes neste Brasileirão para acertar na segunda, pois se a mudança de Jayme de Almeida por Ney Franco não deu em nada a de Franco por Vanderlei Luxemburgo está indo de vento em popa. É a pura verdade, mas a pergunta permanece: o que Franco tinha a ver com Almeida e o que Luxemburgo tem a ver com Franco?

Desnecessário dizer que os responsáveis por todas essas trocas permanecem intocados em seus cargos.

O resumo da ópera é simples: o futebol brasileiro, em regra, não tem a menor ideia do que quer.

Nem mesmo depois de ter visto a excepcional experiência corintiana que manteve Tite depois de o time ser eliminado pelo Tolima na Libertadores num ano para, no seguinte, não só conquistar a taça continental como a mundial.

Mas além de excepcional foi exceção mesmo.


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