Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
'Quando a gente erra, há leis', diz Aranha
JUSTIÇA
Goleiro do Santos reafirma que torcedora gremista deva ser punida de acordo com legislação brasileira
"Como cristão", Aranha perdoa a torcedora gremista Patrícia Moreira, 23. Mas o goleiro do Santos deixou claro que deseja que ela seja punida de acordo com a lei.
No jogo entre Grêmio e Santos, pela Copa do Brasil, no último dia 28, Patrícia foi flagrada por uma câmera da ESPN Brasil chamando o jogador de "macaco". Ela poderá ser indiciada por injúria racial. A pena máxima para este crime é de três anos de prisão.
Chorando, a torcedora fez um pronunciamento em Porto Alegre, nesta sexta (5), pedindo desculpas a Aranha.
"Da minha parte, como cristão, como ser humano, eu precisava do pedido para desculpá-la. Isso não quer dizer que eu não quero que a justiça seja feita. Ela errou, tem as consequências. Como pessoa, a desculpo. Mas quando a gente erra, há leis para isso", disse o goleiro após o triunfo do Santos por 3 a 1 sobre o Vitória, pelo Campeonato Brasileiro.
A partida aconteceu na noite deste sábado (6), no estádio do Pacaembu.
A reportagem apurou que Aranha não queria dar a entrevista. Pretendia não falar mais no assunto. Foi convencido a mudar de ideia porque foram muitos os pedidos de órgãos de imprensa brasileiros e internacionais.
Mas ele não quer nem ouvir falar na possibilidade de se encontrar com Patrícia.
Programas de TV como o "Fantástico", da Rede Globo, tentaram promover o encontro. Ela mesmo disse querer pedir perdão pessoalmente.
"Não tem motivo para isso. Algumas pessoas poderiam achar que eu estava querendo me promover e isso atrapalharia a causa [da luta contra o racismo]. Não sou amigo dela, nunca fui e nem tenho interesse em conhecê-la. Ela pediu desculpas, está desculpada. Mas tem de pagar", repetiu o jogador.
Patrícia não é a única investigada pela polícia do Rio Grande do Sul. Aranha apontou outros torcedores que também o ofenderam racialmente. Considerou um erro os xingamentos recebidos pela torcedora nos dias seguintes. A casa dela foi apedrejada e acabou demitida do emprego em empresa terceirizada que prestava serviços à Brigada Militar do estado.
"Isso não pode acontecer. Até entendo que algumas pessoas estavam com isso engasgado, mas um erro não justifica o outro. Vi [em reportagens] que ela não é racista. Mas teve uma atitude racista", sentenciou.
Por causa do incidente, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e recorreu da sentença.
"O que eu esperava, aconteceu. A maioria da população ficou do meu lado. O que ocorreu comigo vai servir para mudar a postura das pessoas e melhorar a educação", completou o goleiro santista, lembrando que se o STJD não tomasse nenhuma atitude a respeito "estaria concordando com essa situação."