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Após vaias, Aranha critica torcida gaúcha
BRASILEIRO
Desta vez, goleiro do Santos não sofreu ofensas raciais dos gremistas, mas reclamou de hostilidade
Não foram ouvidas ofensas raciais, mas vaias, muitas vaias. E o goleiro Aranha, apesar de ótima atuação em campo, deixou Porto Alegre mais uma vez chateado.
Grêmio e Santos empataram num jogo sem gols, na noite desta quinta (18), mas a lembrança da partida da Copa do Brasil de 21 dias atrás, quando ele foi chamado de "macaco" por vários torcedores, esteve presente o tempo todo no novo confronto, desta vez pelo Brasileiro.
"Sempre procuro respeitar o adversário, a torcida. É triste [que aconteçam as vaias], parece que eles concordam com tudo o que aconteceu [injúrias raciais]. Tenho de fazer minha parte. Estou tranquilo, sou profissional. Mas que é triste, é triste", afirmou ele no intervalo do jogo.
O goleiro começou a ser vaiado e xingado (alguns torcedores gritavam "veado") antes da partida, quando ele foi ao gramado para fazer o aquecimento.
Enquanto Aranha se preparava em meio aos apupos, a banda da Polícia Militar do Rio Grande do Sul executava músicas de Lupicínio Rodrigues, compositor negro, autor do hino do Grêmio.
Com o jogo rolando, as vaias aumentavam sempre que o goleiro tocava na bola.
Imagens de TV mostraram que o Grêmio se precaveu para impedir que surgissem novas ofensas raciais, com seguranças pedindo calma aos torcedores mais exaltados.
O time gaúcho foi eliminado da Copa do Brasil devido às injúrias raciais dirigidas ao goleiro. A torcedora Patrícia Moreira, flagrada chamando-o de "macaco", está sob investigação policial.
'HIPÓCRITAS'
Depois do jogo, Aranha manteve as críticas aos torcedores gremistas.
Um repórter perguntou se ele havia percebido algo incomum nas manifestações da torcida, pergunta que o deixou claramente contrariado.
"Não ligo para vaia, mas não temos que ser hipócritas. Todo mundo sabe que a vaia hoje foi diferente, por tudo que aconteceu no outro jogo", afirmou o goleiro.
Responsável pela investigação do caso de racismo, o comissário Lindomar Souza, da Polícia Civil, esteve na Arena do Grêmio e classificou o comportamento da torcida nesta quinta como tranquilo.
"É teve vaia, mas não foi ofensivo. Vaia é coisa do jogo", afirmou à Folha.
O MELHOR EM CAMPO
As defesas de Aranha garantiram o empate em jogo em que o Santos se postou bem defensivamente. Foi ele o melhor em campo. Mas o time esteve mal no ataque.
O Grêmio teve mais domínio do jogo, mas tampouco conseguiu concluir com eficiência. Assim, o Santos ficou com 30 pontos (9º lugar), e o Grêmio (5º), com 36.