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Esporte

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Juca Kfouri

Dia de votar

Como acontece só desde 1989, e a cada quatro anos, vamos hoje às urnas; para manter ou para mudar

Imagine que você seja um atleta de alto rendimento ou dirigente esportivo. Imagine que você não esteja satisfeito com a situação do seu esporte.

Diferentemente de seu papel como eleitor, capaz de mudar o estado de coisas, no esporte brasileiro você não terá o que fazer.

Porque embora também haja eleições periódicas, estas se dão apenas para constar, para aparentar uma democracia inexistente.

As regras eleitorais são tão viciadas que ou obrigam os votantes a aderir ou o submetem ao suicídio político como opositor, ao entregar o pescoço para ser cortado adiante como retaliação.

Assim têm sobrevivido os cartolas de nossas federações estaduais e das confederações nacionais.

Leis têm sido criadas para mudar tal estado de coisas, embora ainda estupradas em seu espírito por regulamentações que buscam manter o regime que deixa sempre os mesmos no poder.

As reeleições intermináveis estão proibidas nas entidades que recebem recursos públicos diretamente e mesmo a que os recebe de maneira indireta depende de eventuais decisões judiciais.

Exceção feita à CBF, aquinhoada indiretamente, todas as demais associações recebem recursos das leis de incentivos ou de empresas estatais.

Mesmo assim, ao mudar seus estatutos para se adaptar à nova legislação, tais entidades têm mexido em seus estatutos de maneira a impor tantas dificuldades a quem quiser se opor que praticamente obriga à obediência subserviente.

Claro que se houvesse coragem de pendurar o guiso no pescoço do gato, e não fossem quase todos iguais no mundo da cartolagem, as coisas seriam diferentes, mas são como são e nada muda há décadas neste mundo de Havelanges, Teixeiras, Marins, Neros e Nuzmans.

Para que ninguém faça interpretação maliciosa ou subliminar quanto ao paralelo com este 5 de outubro, registre-se a possibilidade de existir momentos em que manter é melhor que mudar, desde que dentro de limites aceitáveis de alternância, ao menos, das pessoas.

Porque, como é sabido, o poder corrompe e o poder permanente corrompe permanentemente.

É lamentável mas não se vê solução a curto prazo que altere os usos e costumes de nosso esporte, entre outros motivos porque estes nem sequer são mencionados nas campanhas e debates dos candidatos nas eleições de ontem e nas de hoje.

Como não se deve desesperar jamais, resta seguir no aprofundamento das questões essenciais para modernizar o Brasil em todas as áreas, ao lembrar que o esporte é uma atividade que ultrapassa o mero fazer campeões, porque diretamente ligada à saúde pública.

No mais, aproveitemos esta nova oportunidade de exercer o direito também duramente conquistado de escolher quem nos presidirá até 2018.


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