Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Mais um mergulho

Incentivadas por patrocínios ou sonhos frustrados, estrelas consagradas deixam a aposentadoria e
se aventuram na piscina por vaga em Londres

MARIANA LAJOLO
EDITOR-ASSISTENTE De esportes

Ian Thorpe tinha 24 anos, 22 recordes mundiais e cinco medalhas de ouro em duas edições de Jogos Olímpicos quando anunciou que não iria mais nadar. A explicação era simples, o fenômeno australiano estava cansado.

Cinco anos depois, caía de novo na piscina. Um pouco mais roliço, longe de ser o "torpedo" de antes e movido por um polpudo patrocínio, Thorpe estava de volta para tentar talvez a mais complicada façanha de sua carreira: conquistar vaga na Olimpíada de Londres-2012.

E o australiano não está só.

A Olimpíada que promete um emocionante duelo entre as principais estrelas do presente, Michael Phelps e Ryan Lochte, pode assistir também ao retorno de quem, como Thorpe, já marcou seu nome na história da natação.

Movidos pelo impulso de grandes cifras, como o australiano, por sonhos antigos ou por acharem que podem voltar a ser competitivos em uma natação que não usa mais maiôs high-tech, astros do esporte decidiram voltar e se aventurar nas seletivas olímpicas de seus países.

Os perfis são dos mais distintos. Há nadadores que deixaram as competições ainda jovens, desmotivados, outros que pararam frustrados e até veteranos em busca de um último suspiro nas piscinas.

Janet Evans é um exemplo. Aos 40 anos, a norte-americana poderia muito bem continuar com a vida bem-sucedida de mãe de dois filhos e palestrante motivacional.

Mas, em 15 anos aposentada, diz nunca ter deixado de pensar em voltar. Aposentou-se com sete recordes mundiais e três ouros olímpicos.

"No fundo, sempre tive isso em mente. Agora cheguei a um ponto em que me sinto bem fisicamente. E tenho estabilidade na vida", afirma.

Em seu primeiro torneio, marcou 4min23s82 nos 400 m livre. Tempo que não estava nem entre os 150 melhores de 2011. Muito distante dos 4min01s97 da italiana Federica Pellegrini, a mais veloz.

Apesar do tempo fraco, diz ter ficado satisfeita. Afinal, foram 15 anos parada.

"Não há como esperar o mesmo desempenho de um atleta de 20 anos e de um de 40. A idade é um aspecto inexorável", diz o fisiologista Carlos Eduardo Negrão, da USP e diretor da Unidade de Reabilitação Cardiovascular e Fisiologia do Exercício do InCor. "Com os anos, diminuem reflexos, capacidade aeróbica, força muscular."

Thorpe ainda tem 29 anos, mas sentiu o peso do retorno às piscinas. Seus resultados, até agora, decepcionam. Em seu primeiro evento em piscina de 50 m, fez 1min51s51 nos 200 m livre e 50s84 nos 100 m livre. Tempos muito distantes dos melhores de 2011: 1min44s44 e 47s49.

"Não estou preocupado agora, talvez mais tarde, mas agora é prematuro", afirma.

A volta mais bem-sucedida talvez seja a de Brendan Hansen, ex-recordista mundial que busca se recuperar do frustrante quarto lugar nos 100 m peito em Pequim-2008.

Após quase três anos parado, venceu o Nacional dos EUA com marca de finalista do último Mundial.

Como Hansen, outros atletas consagrados voltaram de aposentadorias curtas.

A francesa campeã olímpica em Atenas-2004 Laure Manaudou voltou, após três anos e um filho, com o 48º tempo de 2011 nos 200 m livre. Libby Trickett, australiana com dois ouros olímpicos, também encara seus limites pós-aposentadoria.

Depois de um ano parada e de passagem pela TV, ficou longe das cem mais velozes do ano nos 100 m borboleta. "Antes eu ficaria p... da vida. Agora tiro lições disso", diz.

Com as agências de notícias

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.