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Cinderelas

Ano de fracassos com a seleção nacional põe soberania de Marta em risco e escancara retrocesso
do desprestigiado futebol feminino no Brasil

LUCAS REIS
de são paulo

Marta, 25, pode perder sua coroa amanhã. Ao lado dela, o futebol feminino do Brasil praticamente agoniza.

Depois de vencer nos últimos cinco anos o prêmio de melhor do mundo da Fifa, a maior jogadora da história do país sabe que são pequenas as chances de derrotar a japonesa Homare Sawa e a americana Abby Wambach.

Fruto de uma temporada em que falhou juntamente com uma burocrática seleção brasileira, eliminada precocemente na Copa do Mundo após apresentações pífias.

Marta começou o Mundial da Alemanha nos braços dos torcedores. Terminou vaiada até mesmo na decisão, quando nem estava lá -seu nome foi anunciado como terceira artilheira, e o estádio veio abaixo em gritos e vaias.

O Japão foi campeão, e os EUA, que eliminaram o Brasil nos pênaltis nas quartas de final, vice. Marta virou vilã após abusar da chamada malandragem brasileira: excesso de faltas e reclamações.

Ao Pan do México Marta não foi. O então técnico do Brasil, Kleiton Lima, disse que ela justificou a ausência com o argumento de que negociava com um clube da Europa e, por isso, estava indisponível para jogar. Mesmo sem ela, o Brasil era o favorito, mas perdeu a decisão nos pênaltis para o Canadá.

O único título brasileiro no ano foi o pouco valorizado Torneio Cidade de São Paulo. Resultado: no ranking mundial Fifa, o Brasil caiu da terceira para a quarta colocação.

Em sua temporada nos EUA, pelo Western New York Flash, Marta foi bem: artilheira e campeã. Mas seu futuro agora está indefinido. Tem propostas de Alemanha, Suécia, Rússia e EUA. Ao Brasil dificilmente voltará, principalmente após o fim do futebol feminino do Santos.

A seleção brasileira trocou de técnico: Jorge Barcellos, que já treinara o escrete nacional, foi chamado de volta. Ele terá somente quatro amistosos, para montar uma nova equipe e tentar, enfim, conquistar um título de destaque para as mulheres.

"Estamos em um retrocesso que chega a ser pior do que quando não tínhamos absolutamente nada de futebol feminino no país", disse Aline Pellegrino, capitã do Brasil na Copa, hoje na Rússia.

Ela falava com a Folha por telefone dentro de um carro, ao lado de Érika, também da seleção, que ficou órfã após o fim do futebol do Santos.

Elas percorriam empresas em busca de patrocínio para talvez reativar o Santos; o plano B, contou, é reunir as jogadoras e formar outro time.

Ou seja, a meses da Olimpíada, o principal time e referência brasileira no futebol feminino fechou as portas.

"O Santos abriu um precedente para dizer que o futebol regrediu. A base da seleção é do Santos. Então, se acabar o Santos, quem mais se prejudica é a seleção brasileira", afirmou a jogadora.

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