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Não me querem

Com elencos inflados, clubes encostam jogadores com contratos longos, por quem pagaram caro, e aceitam cobrir salários para que defendam rivais

MARTÍN FERNANDEZ
DE SÃO PAULO

Na pré-temporada dos clubes brasileiros, há duas grandes movimentações nos departamentos de futebol.

A maior é a busca por reforços, e outra é para encontrar destino aos jogadores que têm longos contratos, mas que não são mais desejados por seus empregadores.

Quase todos os grandes clubes brasileiros têm algum jogador do qual querem se livrar nesta época do ano.

Na maioria dos casos, os dirigentes até aceitam pagar os salários para que defendam outros times -uma forma de manter o atleta em evidência, mesmo que eventualmente numa equipe rival.

Os salários são altos. O Fluminense busca um destino para o atacante Araújo, que ganha R$ 350 mil mensais.

O Corinthians vai pagar para que Morais e Souza (média de R$ 150 mil) defendam o Bahia nesta temporada.

"Estamos tentando reduzir nossa folha de empréstimo", diz o gerente de futebol do Corinthians, Edu Gaspar.

O goleiro Fábio Costa tem contrato com o Santos até dezembro de 2013. Até lá, custará R$ 3,4 milhões ao clube.

O caso mais expressivo é o do meia Carlos Alberto, 27. O jogador tem contrato com o Vasco até o meio de 2013, mas diretoria e comissão técnica do atual vice-campeão brasileiro o querem longe de São Januário. No ano passado, esteve no Grêmio e no Bahia. Agora, o Palmeiras o recusou.

"É difícil recolocar um jogador que você não vai aproveitar", diz o diretor-executivo de futebol do Fluminense, Rodrigo Caetano, que ocupou esse cargo no Vasco nos últimos anos. "Muitas vezes as oportunidades aparecem em times menores, que não têm condições de pagar o contrato, e aí o clube que empresta tem que compor o salário."

Há casos assim em todas as posições, de jovens a veteranos. O Flamengo mantém encostado o meia Kleberson, que no ano passado defendeu o Atlético-PR com o clube carioca pagando parte de seus vencimentos. "Cabe ao clube tentar arrumar alguém para emprestá-lo ou vendê-lo", diz Marcos Antonio Silva, sogro e agente do atleta.

Empresários reclamam que a atitude dos clubes desvaloriza seus agenciados.

"Ou você faz um contrato longo e corre esse risco, ou faz um vínculo curto e pode perder o jogador", comenta Edu Gaspar. "O que nós fazemos é tentar qualificar os olheiros, para errar menos."

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