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Fifa desiste de cobrar taxa de sedes

2014
Entidade recua de impor 17% a quem não contratar sua parceira

FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

A Fifa desistiu de impor uma sobretaxa de 17% às cidades-sedes da Copa-14 que não contratarem o parceiro da entidade para produção de brindes e outros materiais, como a mascote do Mundial.

A Folha revelou, em junho de 2011, que a Fifa fazia lobby para favorecer seus patrocinadores em contratos com as 12 sedes. A entidade fez reuniões e mandou e-mails pressionando os coordenadores das sedes em favor da empresa ADM Promotions. A imposição: ou a sede contratava a parceira ou pagaria 17% de licenciamento caso contratasse outra empresa.

Agora, a Fifa diz que, após consultar as sedes, decidiu não cobrar a taxa e criou uma solução em conformidade com a legislação brasileira.

No novo modelo, a ADM continuará com aprovação automática dos produtos relacionados à Copa, já que é a fabricante oficial. Mas a Fifa se comprometeu com as sedes a avaliar in loco os materiais produzidos por fábricas brasileiras, para adequá-los ao padrão de qualidade.

O anúncio do slogan e da mascote ocorrerá neste ano.

"A cobrança foi considerada como forma de assegurar a alta qualidade dos produtos e que os materiais sejam produzidos em condições justas de trabalho", justificou a Fifa em relação à taxa de 17%.

Segundo Nick Prichard, diretor da ADM, os contratos com as sedes seriam um "bônus", porque a prioridade da empresa é atender a Fifa. Ele diz ainda que disputará licitações caso seja convidado.

"A ADM só trabalha com as sedes que pedem ajuda em relação ao design e produção dos brindes ", afirmou.

COOPERAÇÃO

Na prática, a exigência da Fifa deixava as cidades num impasse. Ou contratavam diretamente a ADM sem licitação ou bancavam um custo adicional de 17% do valor licitado. Após alertas das sedes de que a lei brasileira exigia licitação, um dos membros do departamento de marketing da Fifa chegou a pedir "cooperação" em favor da ADM na disputa.

A revelação da Folha causou uma guerra de bastidores nas sedes, e deputados chegaram a ir ao Rio para discutir com Ricardo Teixeira, presidente do comitê local da Copa de 2014, o "tráfico de influência". O dirigente admitiu aos deputados que a situação era irregular.

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