Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Campeão do UFC deve luta de R$ 2.000

MMA
Aldo, que defende título hoje, recebeu por combate que não fez

EDUARDO OHATA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

As bolsas do brasileiro José Aldo, que defende o título pena contra o americano Chad Mendes, no UFC Rio, giram em torno de US$ 200 mil.

Mas o lutador tem uma dívida para fazer um combate por bolsa (valor pago ao atleta para lutar) de R$ 2.000.

De origem humilde, pedreiro, praticante de jiu-jitsu, Aldo, que morava com os pais em Manaus, aos 16 anos comprou uma passagem aérea para o Rio, onde teria mais condições de viver do esporte.

Ao desembarcar no Rio, chegou sem um centavo ao aeroporto Santos Dumont e andou, com bagagem e tudo, até a academia Upper, no Flamengo, para encontrar um amigo que lhe apresentaria aos donos do local.

Mas o amigo não estava, e Aldo ficou o dia todo sem comer até ele chegar. Passou a morar na academia.

Em 2004, Rodrigo "Minotauro" Nogueira organizava eventos de MMA (artes marciais mistas, em inglês) e boxe na Bahia, o Minotauro Fight. Já havia assistido a uma luta de Aldo em um evento de MMA, gostou e decidiu dar uma chance ao jovem.

Fez o convite a Andre Pederneiras, técnico e líder da equipe em que Aldo treinava. Ele aceitou na hora.

Mas a equipe que produzia o evento não conseguiu encontrar um adversário porque houve duas desistências.

Pederneiras insistiu que Aldo precisava lutar e que poderia ser MMA ou boxe, mas mesmo assim foi impossível achar rival para a data.

Como Pederneiras insistiu que o atleta lutasse, Minotauro decidiu que pagaria a bolsa: R$ 1.000 pela luta e mais R$ 1.000 de bônus por uma eventual vitória. O lutador ficaria devendo a luta, que pagaria numa próxima edição.

"Era questão de sobrevivência", disse Aldo à Folha.

O tempo passou, o manauara virou celebridade, mas ainda deve um combate.

"Hoje sou campeão, mas vai ter uma hora que vou ter de fazer essa luta por R$ 2.000. Mas para ele [Minotauro] faço essa luta até de graça", promete Aldo, olhos distantes, como se a lembrar dos tempos de vacas magras.

"Apostar em Aldo foi o melhor investimento da minha vida. Eu fiz a minha parte. Paguei a bolsa adiantado, agora não quero receber em dinheiro. Ele vai ter que lutar em um evento que eu produzir, meus R$ 2.000 vão virar centenas de milhares de dólares", brinca Minotauro.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.