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Tostão

Faltam visionários

A roda não para. O que começou primeiro, a falta de craques ou a mudança de estilo?

Entre tantas coisas que valem a pena ver na vida, uma delas é o pôr do sol nas praias de Ipanema e Leblon. Foi o que fiz, novamente, dias atrás. Por outro lado, há muitas outras coisas, em todo o mundo, que não precisariam existir. Costumam ser as mais faladas e mais vistas. A idiotice humana é epidêmica e universal.

A qualidade e o estilo de se jogar no Brasil começam a ser mais questionados. Quem sabe seja o início de mudanças.

O problema principal não é o tamanho da diferença técnica entre os principais times do Brasil e da Europa nem apenas a entressafra de craques, do meio-campo para a frente.

O mais grave é o vicioso círculo negativo. O futebol de chutões, com excesso de jogadas aéreas e de pouca troca de passes, dificulta bastante a formação de talentos. E a falta de jogadores especiais faz com que os times joguem cada vez mais desse jeito. A roda não para. O que começou primeiro, a falta de craques ou a mudança de estilo? Não interessa. O mais importante é romper com essa situação.

Neste começo de ano, só se fala, como sempre, na contratação de um meia de ligação. Jogadores comuns, apenas bons, como Thiago Neves, custam fortunas, como se fossem craques. O Brasil só terá grandes equipes quando acabar com a rígida divisão no meio-campo, entre os volantes que marcam e o meia, responsável por toda a criação de jogadas.

Os treinadores, mesmo os competentes, supervalorizados, são os principais responsáveis pelas mudanças no futebol brasileiro, nos últimos tempos. Deveriam, agora, iniciar a desconstrução de parte de suas ideias. A solução não é voltar ao passado. É unir as coisas boas do passado e do presente.

Existem, em todo o mundo, técnicos que não sabem nada ou pouco, os que sabem muito, mas não sabem fazer, os que sabem muito e sabem fazer, e os raros, que sabem muito, sabem fazer e são criativos, visionários, como Guardiola. Ele, além de manter as características do Barcelona, criou novos paradigmas na organização de uma equipe.

Barcelona e Real se enfrentam hoje, em Madri, pela Copa do Rei.

Os dois são, com folga, os melhores do mundo. Possuem os melhores jogadores e os melhores técnicos. O Barcelona é mais encantador, e o Real é a única equipe do mundo com chance de vencer e de jogar melhor que o time catalão.

O Brasil precisa, com urgência, de mais craques e de técnicos que, além de saberem e de saberem fazer, sejam visionários, loucos racionais.

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