Grupo vê indício de fraude na venda de Neymar e cobrará R$ 85 milhões
MERCADO
DIS, que detinha 40% dos direitos do craque, notificou Barcelona, Santos e atleta
Dono de 40% dos direitos econômicos de Neymar antes de sua transferência para o Barcelona, o grupo de investidores DIS vê "fortes indícios" de fraude na transferência do jogador do Santos para a o Barcelona.
A DIS agora quer receber € 25 milhões (R$ 85 milhões) do time brasileiro, da equipe espanhola e do próprio jogador.
Os investidores notificaram no dia 28 de março os clubes e os cartolas envolvidos na negociação, além de Neymar e seus representantes, apontando operações que, segundo a DIS, contêm irregularidades.
No documento, obtido pela Folha, o grupo cita que houve "simulação de contratos" e que a N&N, empresa da família de Neymar, é "sociedade de fachada". Eles entendem que foram prejudicados por acordos firmados entre as equipes e o jogador.
"Há um fortíssimo conjunto de indícios e documentos que indicam, de forma clara, ter havido uma série de contratos deliberadamente simulados entre as partes com o objetivo de fraudar os direitos econômicos de titularidade da DIS", afirma o advogado Paulo Magalhães Nasser, sócio do escritório Miguel Neto, que defende o grupo.
Na notificação, a DIS afirma que Neymar assinou em 2011 compromisso com o Barcelona garantindo sua transferência para o clube e recebeu € 40 milhões. O grupo se refere ao valor como "benefício injustificado" e pede 40% da quantia (€ 16 milhões).
A DIS cita também que foram oferecidos outros "benefícios injustificados pelo Barcelona ao Santos".
Refere-se a dois contratos entre os clubes. No primeiro, de € 7,9 milhões, os catalães compraram a preferência na contratação de três jogadores que estavam no Santos.
O outro acordo diz respeito um amistoso que poderia ser realizado entre os dois times, no Brasil. Como o jogo não aconteceu, o Santos teria direito a € 4,5 milhões.
Ao somar os dois valores, chegando a € 12,4 milhões, a DIS avalia que essa quantia diz respeito a 55% do Santos e, proporcionalmente, tem direito a mais € 9 milhões.
Na notificação, a DIS dá até 30 de abril para que a transação seja esclarecida e informa que vai cobrar judicialmente o valor que pleiteia.
Os investidores se baseiam ainda em outro documento, assinado entre Santos e Barcelona em 2013. O acordo, ao qual a Folha teve acesso, diz que os dois clubes se comprometem a dividir eventual pagamento extra ao grupo DIS.
Trecho desse acordo diz: "Na hipótese de qualquer um dos clubes receber uma reivindicação da DIS, levará ao conhecimento da outra parte, a fim de esclarecer os passos a seguir".
Para a DIS, no final das contas, o Santos recebeu 55%, percentual que lhe cabia, dos € 40 milhões pagos pelo Barcelona a Neymar.
A notificação diz: "O Santos, ao tomar conhecimento em 2013 dos fatos anteriores e dos contratos que versaram sobre os € 40 milhões, firmados sem causa lícita, poderia escolher entre: denunciar [...] ou tomar parte nesta trama, recebendo também uma série de benefícios injustificados para continuar a dar cobertura às fraudes." E continua: "Aparentemente, optou por esta segunda hipótese".
Para a DIS, o Santos manobrou para receber os € 22 milhões a que teria direito sobre o primeiro contrato entre Neymar e Barcelona.
O clube paulista recebeu € 12,4 milhões dos contratos pela preferência dos jogadores e pelo amistoso e outros € 9,4 milhões pela venda de Neymar, além de € 171 mil pagos às entidades que representam jogadores no Brasil.