Foco
'Bon vivant' desencadeia onda de prisões de dirigentes
Em seu quarto em um hospital de Nova York, Chuck Blazer, ex-representante da Fifa nos Estados Unidos, parecia um homem muito diferente do "bon vivant" que um dia teve enorme apetite por jantares caros, viagens e, de acordo com as autoridades americanas, a busca corrupta do enriquecimento.
Em seus dias mais afortunados, Blazer chegava até a circular com um papagaio no ombro. Ele mantinha dois apartamentos no Trump Tower de Manhattan, um para ele e outro como escritório, ocasionalmente ocupado por seus gatos. Seu pendor por receber comissões como intermediário de transações lhe valeu o apelido "Mr. 10 Percent" ("Sr. Dez por Cento").
Na manhã da quarta, autoridades federais dos Estados Unidos anunciaram que Blazer havia admitido culpa por dez acusações, entre as quais extorsão, fraude, lavagem de dinheiro e sonegação de impostos, como parte de uma ampla investigação sobre a corrupção no futebol.
A admissão de culpa foi feita em 2013, momento em que Blazer pagou US$ 1,9 milhão em penalidades, segundo as autoridades. Ele concordou em pagar uma segunda quantia a ser determinada. Blazer pode ser sentenciado a até dez anos de prisão por não declarar contas bancárias no exterior, e a outros cinco anos por sonegação de impostos.
Diante de suas dificuldades judiciais, Blazer aparentemente decidiu cooperar com as autoridades como informante, o que ajudou no indiciamento de executivos de marketing e futebol.
Mas ele tinha pouco a dizer sobre qualquer dessas coisas. "Não posso falar", murmurou. Perguntado se estava sofrendo de câncer no cólon, ele disse que "não, isso passou", e apontou na direção do abdome, como que mencionando outra cirurgia.