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Ritual de passagem

Com gol de zagueiro nos minutos finais da partida, time júnior do Corinthians bate o Fluminense, vence Copa São Paulo e descobre o que é sofrer

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

Quase 38 mil pessoas presenciaram ontem, no Pacaembu, uma espécie de ritual de passagem específico para jogadores do Corinthians.

A classe de 2012 da base alvinegra se formou com mérito ao bater o Fluminense por 2 a 1 e conquistar seu oitavo título da Copa São Paulo.

O gol que deu a vitória ao Corinthians só saiu aos 43min do segundo tempo, marcado por um zagueiro, o mesmo que pouco antes havia empatado a partida que teve, primeiro, os cariocas na frente.

"Corinthians é isso. A gente sai sangrando, mas tem que vencer", disse Antônio Carlos, herói do dia com dois gols e nariz machucado, mostrando que aprendeu a principal lição do que a torcida chama "corintianismo".

O zagueiro deu seus primeiros passos no futebol na base do Fluminense. Deixou o clube aos 15 anos. "Foi algo desagradável, não quero falar sobre isso", declarou, sem se alongar no assunto.

O título coroa uma campanha irretocável da equipe comandada pelo ex-zagueiro Narciso. Foram oito vitórias em oito jogos, 30 gols marcados e só dois sofridos.

O troféu também ameniza as críticas ao presidente Andres Sanchez, licenciado do cargo, que praticamente abandonou os juniores.

Sob sua administração, a base foi desalojada para dar espaço para a construção do Itaquerão -boa parte dos atletas foi cedida para o Flamengo, de Guarulhos, que fracassou na fase de grupos da Copa São Paulo.

"Nós temos que treinar em campos distantes", lamentou Narciso. "Mas temos que nos adaptar. Estamos conversando para encontrar campos mais próximos", concluiu.

Ontem, Andres, agora diretor de seleções da CBF, viu a decisão de uma das tribunas do estádio, ao lado do técnico Tite e de Ney Franco, treinador da seleção sub-20.

Os frutos desta conquista devem aparecer em breve entre os profissionais corintianos. Os mais cotados para subir, além do zagueiro Marquinhos e do lateral esquerdo Denner, que já treinam com o time principal, são o volante Gomes, o goleiro Matheus Caldeira e o meia Matheus.

Eles tentarão romper a recente resistência corintiana aos jovens talentos da base.

"É difícil, o Corinthians contratou muito. Mas o meninos querem espaço", disse Narciso, vice-campeão do torneio com o Santos em 2010.

Arrasador durante o campeonato, o Corinthians começou mal a partida de ontem. Viu o Fluminense, mais organizado, criar as melhores chances de abrir o placar.

O gol, porém, só saiu no começo do segundo tempo, quando Michael aproveitou uma saída errada de Matheus Caldeira e marcou para o Flu.

O Corinthians empatou aos 20min: Antônio Carlos subiu mais que a zaga e completou para as redes o escanteio batido por Matheus. A igualdade incendiou o público no Pacaembu. No ritmo do torcedor, o time foi para o ataque.

O gol da vitória só saiu quando parecia inevitável que a definição do título ficaria para os pênaltis. De novo com Antônio Carlos cabeceando bem um escanteio.

"Esse é o time da superação", afirmou o arqueiro Matheus Caldeira, afinando seu discurso àquele que o torcedor corintiano gosta de ouvir.

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