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Xico Sá

Os 'vida loka'

Levem Adriano ao Rio e verão um milagre. Os loucos, assim como os gatos, têm sete vidas

Amigo torcedor, amigo secador, os loucos, assim como os gatos, têm sete vidas. O Adriano, como declarou o Andres Sanchez, pode estar morto para o Corinthians, mas não para outro clube. Tomara. O rapaz ainda nem chegou aos 30.

Cairia muito bem no Flamengo. Não estou de sacanagem. O mal de Adriano é o "estrangeirismo". Ele não sabe viver fora do útero carioca. O resto é desamparo. Como no momento em que a gente vê o "azulzão" estranho do pós-parto.

Levem o menino para o Rio e verão mais uma vida, um milagre. Vale a aposta. Você dirá, cético como um Bertrand Russel rubro-negro de Madureira, que estou delirando, que estou com a febre do rato. Falo sério. Com um cristianismo, reconheço, mas convicto da redenção.

O Imperador repetiria com Vagner Love um grande ataque. E que trio formariam com Ronaldinho Gaúcho, espiritualmente parecido. O professor Luxemburgo que se virasse, afinal de contas, como disse o baixinho e enfezado francês, o inferno são os outros. Sim, a frase é do marido de dona Simone de Beauvoir, um tal de Jean-Paul Sartre.

Não é a mea-culpa do Sanchez, publicada na revista "GQ Brasil", que minaria minha esperançosa tese. É caso perdido, não tem jeito, para o Corinthians, repito. Todo "vida loka" tem sete vidas. Qualquer mano fã dos Racionais MC's, grupo da música homônima, sabe disso.

Não à toa o Jobson, muitas vezes dado como morto e enterrado pelos cartolas e pela imprensa, tem a confiança do humaníssimo técnico Oswaldo de Oliveira para a temporada do Botafogo. Este sim já desceu a todos os infernos dantescos possíveis. Tem uma grande qualidade: sempre confessou as suas fraquezas, como o vício no crack, por exemplo.

Aos 23 anos -faz 24 em 15 de fevereiro, dois dias antes de Adriano completar seus 30-, Jobson busca a sua quarta ou quinta ressurreição no futebol. É um grande jogador. Há de reerguer-se. São Garrincha, protetor dos anjos tortos, que o guarde.

Ao tatuar justamente um "vida loka" no braço, o menino revelou que está no caminho certo. Ao contrário do alarde que fez a mídia, a expressão, na leitura bíblica e suburbana dos "malditos", é redentora. É promessa de boas-novas. Tomara.

Por falar no tema, recomendo a leitura da entrevista que o escritor Marcelo Rubens Paiva fez com o Casagrande, o Casão. Na revista "Status" deste mês. Temos muito o que aprender sobre o possível inferno com esta história.

xico.folha@uol.com.br
@xicosa

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