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RG ou CPF

Lei de São Paulo cria cadastro obrigatório de todos que comprarem ingressos para jogos de futebol, gera filas, transtorno e atrasa entrada nos estádios

ADRIANO WILKSON
DE SÃO PAULO

Uma lei em vigor desde o final de 2011 está atrasando a entrada de torcedores nos estádios de São Paulo a ponto de muitos perderem até o primeiro tempo dos jogos.

De autoria do deputado estadual Enio Tatto (PT), a lei obriga os clubes a cadastrar todas as pessoas que comprarem ingressos para partidas oficiais de futebol no Estado.

Os dados dos torcedores devem ficar à disposição das autoridades por um ano.

Um dos objetivos é coibir a ação de cambistas e a evasão de renda. Outro é identificar torcedor violento em caso de confusão na arquibancada.

A lei, porém, não limita o número de ingressos por comprador. Já a FPF (Federação Paulista de Futebol) permite venda de só três bilhetes por pessoa -apenas o comprador se cadastra.

O torcedor deve fornecer nome completo, RG ou CPF para comprar o bilhete.

Filas enormes foram vistas na venda dos ingressos para a final da Copa São Paulo de juniores, no Pacaembu, há uma semana. Segundo a FPF, a culpa foi do cadastro.

Na rodada de abertura do Paulista, no dia 22, no Morumbi, parte da torcida do Botafogo esperou mais de uma hora na fila antes do duelo com o São Paulo até a conclusão de cada cadastro.

"Chegamos 40 minutos antes do jogo e só conseguimos entrar no estádio no final do primeiro tempo", diz o advogado Danilo Vicaro, torcedor do Botafogo, que foi ao Morumbi com cinco amigos.

O São Paulo abriu só um guichê para a torcida adversária. Foram vendidos mais de 15 mil ingressos, mas o borderô não discrimina quantos eram de visitantes.

A Folha pede, há uma semana, entrevista com alguém do clube, sem retorno até a conclusão desta edição.

A FPF afirma que não há muito o que ser feito. "A lei tem que ser revista", declara o coronel Marcos Marinho, cartola da federação. "Mesmo que se ponham vários guichês, a operação ainda fica lenta, não adianta. A única solução é a venda antecipada. No dia do jogo é difícil."

Times grandes têm menos dificuldade em cadastrar suas torcidas, já que têm programas de sócio-torcedor, com cadastro automático.

O Corinthians, por exemplo, vende a maior parte de seus ingressos de modo antecipado, o que reduz as filas.

Na Copa São Paulo, as vendas ficaram a cargo da federação, e não dos clubes.

Alguns times pequenos têm incentivado venda antecipada, dando desconto. Outros fazem sistema de cadastro on-line, em que o torcedor informa seus dados pela internet e imprime um comprovante que é entregue quando ele for comprar a entrada.

"Mesmo assim, 30% deixam para fazer tudo em cima da hora", diz Nelson Lacerda, presidente do Comercial.

"Estamos tendo muita reclamação, xingamento, confusão antes do jogo. Essa lei trouxe transtorno. Foi feita por quem não entende de futebol e em cima da hora."

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