Aidar renuncia à presidência do São Paulo
CARTOLAGEM O conselheiro Carlos Augusto Barros e Silva assume o comando do clube do Morumbi por 30 dias
O advogado Carlos Miguel Aidar, 69, deixou oficialmente nesta terça (13) a presidência do São Paulo em capítulo triste da história do clube.
Sob acusações de desvio de dinheiro, afastou-se do poder um ano e meio antes do fim do mandato. Nos últimos dias, evitou os jornalistas, deixando os locais aonde esteve pela porta do fundo.
Nesta terça, Aidar entregou a carta de renúncia para Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, presidente do Conselho Deliberativo, que assume como presidente por 30 dias, até que uma nova eleição seja convocada. Barros e Silva será candidato.
"Agora acabou. Está tudo nas mãos do Carlos Augusto. É ele o presidente", respondeu Aidar, sorrindo e com pressa, na saída de um escritório de advocacia na avenida Paulista, onde aconteceu a reunião com o seu sucessor.
Ele havia marcado reunião com sua ex-diretoria no Morumbi à tarde, mas cancelou horas antes. Seu objetivo era evitar a imprensa.
A saída de Aidar ocorreu após uma negociação que durou ao menos cinco dias, em que lhe foi feita a promessa que os acontecimentos de sua gestão seriam esquecidos.
Há, no entanto, pressão de conselheiros para que não seja assim e que o acordo não seja levado adiante.
ONTEM E HOJE
Em seus dois primeiros mandatos à frente do São Paulo, entre 1984 e 1988, Aidar se notabilizou como um dos fundadores do Clube dos 13. Internamente, destacou-se pela criação do centro de treinamento da Barra Funda. Deixou boa lembrança entre os torcedores são-paulinos. Não é, contudo, essa a imagem que deve ficar do seu terceiro mandato.
Entre brigas com ex-aliados e contratos com comissões ainda não esclarecidas, sofreu um processo de desgaste inédito no clube.
Em conversas com amigos e ex-diretores, nega ter ganho dinheiro em negociações.
Diz que confiou em pessoas erradas, como seu ex-vice-presidente de futebol Ataíde Gil Guerreiro, com quem brigou e de quem ouviu ameaças nos últimos dias.
Gil Guerreiro disse, em e-mail, ter gravações que comprovam irregularidades cometidas por Aidar.