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Torneio escancara abismo financeiro

LIBERTADORES
Potencial econômico faz país deter quase metade da riqueza do futebol no continente

MARCEL MERGUIZO
DE SÃO PAULO

O domínio econômico que o Brasil exerce sobre os outros países no continente já se reflete na Libertadores.

Com base em estudo da Pluri Consultoria, o valor dos elencos dos seis clubes brasileiros na disputa neste ano corresponde a 44% do valor do torneio (ou seja, a somatória dos valores de 980 jogadores dos 32 times que iniciam a fase de grupos hoje).

A proporção é semelhante à do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2011 (previsão) em relação ao PIB dos países da América do Sul somados ao México: 46%.

Ainda segundo o estudo, a Libertadores valeria € 1,1 bilhão, cerca de R$ 2,5 bilhões.

Valor que deixa o campeonato abaixo do valor do Francês (R$ 3,1 bilhões) e acima do do Brasileiro (R$ 2,1 bilhões). Os quatro primeiros são, na ordem, Inglês, Espanhol, Italiano e Alemão. Acima de todas as ligas nacionais está a Copa dos Campeões, valendo R$ 11,7 bilhões.

"É uma coincidência impressionante [a porcentagem da participação econômica do Brasil no PIB continental e na Libertadores serem tão próximas]. E ainda tem gente que acha que a economia não tem influência no futebol", diz Fernando Ferreira, economista, especialista em gestão e marketing do esporte da Pluri Consultoria.

A empresa, que atua na área de economia, mercado e negócios do esporte, desenvolveu um cálculo no qual são analisados 15 critérios, objetivos e subjetivos, de idade à capacidade de retorno de marketing. O resultado é uma espécie de nota atribuída a cada quesito que gera o valor de mercado do atleta.

O jogador mais valioso da Libertadores, assim, é Neymar, que vale € 55 milhões (mais de R$ 120 milhões).

O Santos também é o time mais caro. A soma dos 35 jogadores do elenco ultrapassa os R$ 315 milhões.

"A multa rescisória é um número arbitrado, não serve para avaliar quanto o jogador vale no mercado. Não trabalhamos com valor de transação, essa é nossa avaliação, que conta com especialistas de diversas áreas, de economistas a técnicos de futebol. Só não trabalhamos com empresários, pois contaminariam a análise", diz Ferreira, que trabalha com essa ferramenta de cálculo há um ano.

O que comprova a supremacia econômica do país na Libertadores é que os seis primeiro clubes da lista são os brasileiros. Na sétima colocação está o argentino Boca Jrs. (R$ 122 milhões), que volta ao torneio após três anos fora.

O clube menos valioso segundo a análise da consultoria é o Zamora (Venezuela), que vale R$ 19 milhões e está na chave do Fluminense.

Entre os grupos, o que atinge o maior valor nessa cotação também é o do Santos, graças à presença de outro brasileiro, o Inter (R$ 193 milhões). Eles encaram o peruano Juan Aurich (R$ 29 milhões) e o boliviano The Strongest (R$ 22 milhões).

Clubes brasileiros venceram as duas últimas edições da Libertadores (Santos, em 2011, e Inter, em 2010).

"Abriu um abismo entre o Brasil e o restante do continente. É um favoritismo? Eu ficaria chocado se um brasileiro não ganhar a Libertadores", conclui o economista.

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