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Opinião

Madonna resgata sucessos para reconquistar a América

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Madonna quer reconquistar a América. Não é por acaso que anos depois de estrear turnês pela Europa e fazer mais sucesso fora de casa do que dentro, ela se rendeu à farra publicitária do maior evento esportivo dos Estados Unidos e fez um show pirotécnico no Super Bowl.

Na esteira para a apresentação, a cantora havia lançado o clipe do primeiro single de seu novo disco, "MDNA", em que sapateia sobre jogadores de futebol americano e dança com garotinhas uniformizadas numa coreografia típica das high schools da América suburbana -"Glee" com boas doses de sexo.

No gramado, Madonna encarnou Cleópatra ao som de "Vogue", emendou com "Music", que vai bem em qualquer pista, estreou "Give Me All Your Luvin'", do disco novo, com M.I.A. e Nicki Minaj, e fechou com "Open Your Heart", dueto com Cee Lo Green, e "Like a Prayer", épico, com coral em campo.

Não fez feio, mesmo escorregando e sofrendo uma leve queda no palco.

É fato que estava mais lenta que suas coadjuvantes, talvez por estar se recuperando de uma lesão num tendão.

Mas não importa. Nada ofusca essa mulher no palco, nem efeitos como os que multiplicaram seu rosto centenas de vezes pelo gramado ou o trompe l'oeil com vídeo-mapping, que dá a impressão de o campo ser engolido num enorme buraco.

Tudo terminou com uma mensagem de paz mundial -longe do escândalo de 2004, em que Janet Jackson deixou um seio escapar do vestido. Só M.I.A., que teria mostrado o dedo do meio às câmeras, tentou desviar o foco do show plástico e fantástico.

Madonna, aos 53, já não tira a roupa nem escandaliza. Sua performance é digna de Las Vegas, shows coreografados e previsíveis para atrair multidões e dar aquilo que estão pagando para ver.

Numa América combalida pela recessão, Madonna resgatou sucessos garantidos.

É também um sinal dos tempos de vale-tudo publicitário. Entoar um hino fashionista em pleno gramado num evento que costuma arrastar marmanjos mais conservadores para a frente da TV já não soa tão contraditório.

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