Zebra, pupilo de Scheidt busca vaga em Londres-12

	Marcio Rodrigues/Mpix/Divulgação
	João Hackerott veleja em Búzios

Um meteorologista, pupilo de Robert Scheidt, surgiu em Búzios como o maior azarão da Semana Brasileira de vela, uma das competições que servem de seletiva olímpica para os brasileiros.

O paulista João Hackerott, 22, já venceu 3 das 5 regatas da laser disputadas na cidade do litoral fluminense, desbancando inclusive o catarinense Bruno Fontes, atual quarto colocado do ranking mundial da classe.

Fontes chegou a Búzios com o status de grande favorito. Há dois meses, ele conquistou, no Mundial de Perth (Austrália), a vaga olímpica para o Brasil. Para carimbar o passaporte para os Jogos de Londres, bastaria ganhar a Semana Brasileira.

Mas o favoritismo do maior rival não intimida Hackerott.

"O objetivo sempre é chegar na frente. Apesar de o cara [Fontes] ser o quarto melhor do mundo, treinei bastante tendo como foco este campeonato", conta Hackerott, que ocupa uma modesta 180ª posição no ranking mundial da laser.

Sua meta é vencer a Semana Brasileira e levar a decisão da vaga olímpica na classe laser para o desempate.

"Espero dar o melhor de mim. Se precisar dar sangue, vou dar sangue", afirma.

Por trás do sucesso de Hackerott está o maior nome da laser, Robert Scheidt, octocampeão mundial e bicampeão olímpico da classe.

"Ele me conhece desde que nasci. Quando ele começou, era meu pai quem o levava para os campeonatos. Ele é amigo da família há muito tempo", diz ele, que usa em Búzios um mastro que traz o nome de Scheidt gravado.

Ao lado de Bruno Prada, o veterano venceu cinco regatas da star na Semana Brasileira. Assim, a dupla está bem próxima da vaga olímpica.

Em 2011, a convite do multicampeão, Hackerott fez seus primeiros treinos no exterior. O pupilo desembarcou no norte da Itália e ficou hospedado na casa do multicampeão, situada perto do lago de Garda, onde Scheidt passa parte do ano treinando.

Lá, Hackerott teve a chance de praticar no barco que Scheidt usou em Atenas-2004, quando ganhou o segundo ouro olímpico.

Logo depois, pegou uma carona com seu mestre e foi para a Espanha, onde disputou o Troféu Princesa Sofia, justamente o torneio que servirá de desempate para a vaga olímpica dos brasileiros.

"Não fui muito bem, mas serviu como experiência", conta o paulista, formado em Meteorologia na USP.

Ao fim do ano, Scheidt usou o período de férias da star para velejar em Ilhabela na laser. Hackerott pôde treinar intensivamente mais 15 dias com o mestre.

"Ele é fora de série, treinar com ele é um luxo. Ele me dá dicas de como regular a vela, o barco. Fala sobre tudo, até a parte psicológica. Diz que ninguém é perfeito e que o Bruno [Fontes] pode estar entre os melhores do mundo, mas eu podia vencê-lo."

Hackerott ganhou tanta confiança que diz que não se surpreenderia se conseguisse a vaga olímpica.

"Se não der certo, meu objetivo é competir na Rio-16. Se eu aparecer em Londres, vai ser uma surpresa para meus adversários, porque só corri num campeonato internacional e ninguém me conhece. Mas isso pode ser bom."