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Plano B

Teixeira viaja para Flórida, onde montou empresa em que tem a mulher como sócia

FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

O presidente da CBF e do COL (Comitê Organizador Local da Copa de 2014), Ricardo Teixeira, foi ontem para a Flórida (EUA), onde montou há um mês uma empresa, sediada numa mansão, para investir dinheiro fora do Brasil.

Criada por Teixeira em 20 de janeiro, a Kronos Capital Investiments servirá para ele fazer negócios e ter pessoa jurídica no exterior. A abertura da empresa indica que, enquanto Teixeira discutia uma saída do Brasil, já preparava a estrutura burocrática para viver fora do país.

Ontem à noite, no entanto, a CBF publicou em seu site oficial uma nota na qual informa que "o presidente Ricardo Teixeira retomará as atividades que constam de sua agenda após o Carnaval".

Nos últimos dias, Teixeira se reuniu com aliados para discutir se deixa a CBF, o país e a organização da Copa. Por ora, decidiu que não.

Ao mesmo tempo, sua mulher e sua filha mais nova já o aguardavam nos EUA.

Com quase um mês de existência, a empresa tem como outra sócia a mulher de Teixeira, Ana Carolina Wigand Pessanha Rodrigues.

Seu escopo de trabalho é "todo e qualquer negócio dentro da lei", segundo consta em documento da Junta Comercial do governo da Flórida, assinado eletronicamente por Teixeira.

A empresa fica em uma mansão no condado de Palm Beach, na cidade de Delray Beach, com 60 mil habitantes, localizada a 80 km de Miami e a 7 km da praia.

A casa, com garagem e piscina, fica numa área nobre. A Folha identificou cinco residências, na mesma rua da Kronos, com preços que vão de US$ 1,3 milhão (R$ 2,2 milhões) a US$ 2,8 milhões (R$ 4,8 milhões). Nas redondezas, há clubes de hipismo, paixão da filha de Teixeira.

Procurado por meio de sua assessoria, o cartola não comentou a abertura da empresa. Disse que suas atividades são feitas de acordo com a lei.

Ontem, Teixeira pegou um jatinho particular para a Flórida, acompanhado do amigo e empresário Wagner Abrahão, responsável pela comercialização dos ingressos VIP para o Mundial no Brasil e dono da agência de turismo que atende a CBF.

Presidente da confederação desde 1989, o cartola tem mandato até 2015. Mesmo que no futuro deixe o COL, possibilidade por enquanto afastada, Teixeira continuaria a ter influência na organização da Copa brasileira.

A filha Joana Havelange é diretora, e seu pai é sócio da pessoa jurídica do COL.

Teixeira passa por uma crise desde que perdeu prestígio na organização do Mundial de 2014. Entre os motivos que o levariam a morar fora do país estão as dificuldades para negociar com o governo federal, em especial com a presidente Dilma Rousseff.

A própria Fifa, no ano passado, chegou a consultar a presidente para substituir o cartola no comando do COL, mas Dilma não quis indicar um substituto. Além disso, ele foi pressionado pela própria família a sair.

A pressão sobre Teixeira piorou nesta semana, quando a Folha revelou que o dirigente tem relação direta com a Ailanto, suspeita de superfaturar a organização de amistoso da seleção em 2008. A polícia encontrou cheques nominais de uma das sócias da Ailanto para o cartola.

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