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Lúcio Ribeiro

Eu aposto que

Legal ou não, o sedutor mundo das apostas está nas ruas, na sala de casa, entre amigos

O ASSUNTO não é novo, é polêmico, a regra não é (muito) clara e a moeda usada em casas de apostas reais ou virtuais pode sempre ter dois lados. Ou três.

Mas é que fiquei assustado (não vou usar a palavra "encantado" para não parecer "naïve" ou ser mal-entendido) ao perceber na real, em viagem recente à Inglaterra, o quanto o mundo das apostas bomba o Campeonato Nacional deles. Não estou falando de bombação de bastidor. Refiro-me ao dia a dia, a olhos vistos, nas ruas.

Em frente ao meu hotel em Londres, tinha uma daquelas casas de "adivinhação premiada com dinheiro" Ladbrokes, talvez a mais famosa das marcas que fazem do nosso inofensivo "bolão entre amigos" um business de dimensão nacional e além.

Tinha na frente do hotel, outra virando a esquina, depois no quarteirão de baixo, em todo lugar. Ladbrokes parece dividir pontos comerciais na Inglaterra com agências bancárias e casas de café na linha Starbucks, de tantas que tem.

O jogo da vez era Manchester United x Liverpool, e as vitrines da Ladbrokes estavam cheias de cartazes: "Rooney fazendo o primeiro gol. Você aposta dez libras, pagamos 50 se acertar"; "United vence por 2 a 1: você dá dez libras, pagamos 80"; "Suárez será expulso: cem para cada dez apostados". A cada rua, uma viva combustão divulgativa que tornava difícil não respirar o clima do jogo, que nem times londrinos envolvia.

Amigos me convidaram para ver o "match". Ótima ideia. O jogo, na TV, era só em "pay per view". Perguntei em qual pub. "Pub? Vamos ver numa Ladbrokes perto de casa."

Pensa como seria o Palmeiras x São Paulo de domingo divulgado a cada esquina paulistana: "Marcos Assunção fazendo um gol de falta: aposte R$ 10, pagamos R$ 20"; "Cada gol do William José"; "Pênalti no Valdivia".

É claro que tem todas as questões de legalidade, vício, manipulação, Paolo Rossi, o juizão Edilson Pereira de Carvalho. Para "proteger" o esporte, a federação cipriota cancelou jogo recente da primeira divisão por considerar suspeito o "estranhamente excessivo" número de apostas no jogo.

Por outro lado, tem a presença da Sportingbet na TV brasileira, as propagandas camufladas de "aposte e ganhe prêmios" (não dinheiro), a Bwin europeia como patrocínio master do superpoderoso Real Madrid.

Um domingo antes do tal United x Liverpool, no fim do Super Bowl, um amigo de São Paulo me mandava um e-mail dizendo que tinha ganhado uma graninha apostando na internet. "Nem gosto muito de futebol americano, mas assim o jogo ficou mais divertido de ver."

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