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Xico Sá

Memórias do subsolo

Teixeira está doente, isso respeito, só não entendo ele não largar o negócio da Copa-2014

Amigo torcedor, amigo secador, "sou um homem doente... Um homem mau. Um homem desagradável".

Bem que o presidente da CBF poderia ter dito solenemente esta frase de despedida, copiando o começo de "Memórias do Subsolo", do escritor russo Dostoiévski. Não foi isso que ouvimos no porão da sede da entidade, no Rio de Janeiro, local da assembleia das mãos sujas.

Do país cordial passamos, e não apenas no futebol, ao Brasil do deixa-quieto. Todas as condições estavam dadas para um mínimo enfrentamento com o dono da bola. Porém, ai porém, os 27 presidentes das federações estaduais abriram a torneira automática de Pilatos. Para dizer o mínimo em matéria bíblica.

"Sou um homem doente... Um homem mau. Um homem desagradável." Todo respeito aos homens velhos e às doenças que nos corroem, inevitavelmente, como a maresia estraga os aros das bicicletas e o chassi raspado da existência.

Teixeira está doente, isso respeito, só não entendo o capricho da falta de decência para largar, pelo menos fisicamente, o milionário negócio da Copa-14. Deixa quieto. Os cartolas também não se aluíram. Brincaram de estátua de sal, para voltarmos ao livro sagrado. O resto foi aquilo que evaporou do subsolo da CBF como um bueiro carioca, plaft, pluft.

Aparentemente desconfortável com o governo Dilma e até com a imaculada Fifa, o que imaginamos, qual um brejeiro Pedro Bó, é que tenha havido alguma recomposição política. Uma multiplicação dos peixes à moda do evangélico senador Crivela, novo ministro. O pesque e pague da vida. Deixa quieto, toca Raul.

Inocente é o que não tem nesse faroeste. Ou vamos todos juntos ou a banca sofre um abalo. Devem ter pensado. O patriarca da CBF, inicialmente íntimo dos tucanos como um daqueles pássaros do logotipo do Leite Ninho, também virou joão-de-barro de empreiteiros e petistas. Tem muita gente na mão, sem querer fazer rima agora com Itaquerão, e aí mora sua resistência. Deixa quieto.

Eu deveria estar falando do chinês do Corinthians, Gambá-Ling, como apelidou o tio Zaca, da vila Tolstói, na ZL paulistana. Ranzinza, no entanto, trato dessa coisa chata. Poderia falar do Messi, que agora joga até pela Argentina, mas não muito. Poderia estar falando que a perna direita da Angelina Jolie anda muito magrinha, minha gente, mas mesmo assim joga na ala do meu time do peito.

xico.folha@uol.com.br
@xicosa

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