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Sabatina Aldo Rebelo

Temos que lidar com harmonia apesar das disputas

Para preservar relações ligadas à Copa, Ministro do Esporte se esquiva de comentar denúncias relacionadas a Ricardo Teixeira

DE SÃO PAULO

Político experiente, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B), 56, esquivou-se de assuntos espinhosos relacionados à pasta na sabatina Folha/UOL, realizada ontem no auditório da Pinacoteca, em São Paulo.

Em relação a Ricardo Teixeira, Rebelo preferiu não falar sobre a possível renúncia do dirigente, que ocupa atualmente a presidência da CBF e do COL (Comitê Organizador Local da Copa de 2014).

"Temos que lidar com um ambiente de harmonia apesar de uma disputa ou outra", disse Rebelo, preferindo evitar tumultuar um ambiente já contaminado por denúncias relacionadas a Teixeira e rachas entre os entes relacionados ao Mundial de 2014.

Enquanto Rebelo participava da sabatina, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, fazia duras críticas ao Brasil e aos atrasos nas obras.

O ministro também evitou, em dois momentos, expressar sua opinião sobre a atuação de Carlos Arthur Nuzman, que completará 21 anos à frente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) em 2016. "Vamos aguardar [os Jogos de] Londres", declarou.

Sobre o aparelhamento do Ministério do Esporte, Rebelo limitou-se a defender Orlando Silva Jr., dizendo que seu antecessor saiu do cargo "por questões políticas".

Rebelo foi entrevistado por Ricardo Balthazar, editor do caderno "Poder", por Vera Magalhães, editora do "Painel", por José Henrique Mariante, editor de "Esporte", e por Juca Kfouri, colunista da Folha e blogueiro do UOL. A seguir, trechos da conversa.

Política de Esporte
Não temos uma no marco legal. Temos o ensaio e elementos dessa política que estão nos programas do ministério. O Estado deve ter uma.

Incentivo para estádio
Oferecemos renúncia fiscal para papel-jornal, incentivo para uma série de atividades industriais. Por que não podemos oferecer para construir estádios? Estádios são equipamentos que, mesmo sendo privados, terão utilidade pública porque lá você terá centro de convenções para a cidade receber eventos, shows.

Incentivo ao Itaquerão
Não é para dar dinheiro público, mas tem que haver um tipo de apoio para melhorar a acessibilidade a esses equipamentos. O Corinthians, o São Paulo e o Palmeiras merecem porque são instituições que ajudaram a difundir o nome de São Paulo pelo Brasil.

Ricardo Teixeira
Não vou falar do presidente da CBF. Se, na minha função de deputado, sou livre para dar qualquer opinião, como ministro de Estado, tenho que manter laços com entes que organizam a Copa e a Olimpíada e tenho a obrigação institucional de estabelecer um ambiente necessário à construção de eventos como esse.

CPI CBF-Nike
Nunca fui levado a mudar minhas opiniões, nem sobre o que escrevi. Não investiguei ninguém [no caso, Teixeira] para criar inimizade, mas por um dever institucional.

Lei Geral da Copa
A Fifa não quer a mesma coisa que nós da Copa. Eles visam lucro. Quero ingresso para indígena ir a jogos em Manaus, quero que a população mais pobre possa participar. Temos que negociar. A Fifa pode até achar que o Brasil pede demais, mas, pelo que o país já fez pelo futebol, não estamos pedindo nada.

Copa-2014
Tenho uma grande preocupação para 2014, que é a seleção, mas ali não podemos fazer muita coisa.

Olimpíada-2016
Vou apresentar em março um planejamento detalhado de cada modalidade para 2016. Dizer que não há dinheiro para o esporte brasileiro não é verdade. Há muito dinheiro público e dinheiro privado.

Ministério
Eu gosto de futebol, mas, se dependesse da minha experiência como técnico, eu seria só porteiro do ministério. Quem deveria ser então o ministro é o do vôlei. Como é o nome dele? [Juca Kfouri sopra o nome] Isso, o Bernardinho.

Atraso no Beira-Rio
Há um estádio moderníssimo, que é o do Grêmio. Escolheram o estádio do Inter para a Copa porque, na época, era a possibilidade que existia. Os bancos exigiram garantias, e isso não foi dado. Espero que seja resolvido, mas isso não é atribuição do governo federal.

Remoções na Copa
Um promotor comparou isso com o nazismo. Ele não sabe o que é o nazismo. Esses casos de violência [Rio e São Paulo] não nos chegaram. Houve casos de remoção, assim como houve em Londres, com alternativas dignas. A ONU [que criticou as remoções] deveria prestar mais atenção à violência na Síria.

PC do B
O ministro Orlando Silva renunciou por causa de uma acusação e por conta de alguém que se recusou a comparecer ao Congresso para apresentar provas e não fez isso até hoje. Não atribuo a saída dele a esse episódio. Atribuo a uma questão política. Quando entrei, adotei procedimentos. Não firmar mais convênios com ONGs. Onde encontrei irregularidades, tomei providências.

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