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Brasil reage e veta Valcke como interlocutor da Fifa

2014 Ministro classifica como ofensivas declarações do secretário-geral

FERNANDO ITOKAZU
DE SÃO PAULO

O governo brasileiro considerou ofensivas as declarações do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, sobre os atrasos para a Copa-14 e não vai mais aceitá-lo como interlocutor para o assunto.

Anteontem, na Inglaterra, o cartola recorreu a um termo chulo para expressar a indignação com a organização do Mundial. "Você tem que se empurrar, tem que receber um chute no traseiro e entregar a Copa do Mundo", disse.

O Ministério do Esporte, na noite de anteontem, agendou então uma entrevista coletiva para a manhã de ontem para comentar o assunto.

"Ele [Valcke] fez comentários impertinentes e descabidos, com expressões impróprias. Dificulta o ambiente de cooperação entre Brasil e a própria Fifa, que é um ambiente de cooperação e entendimento", afirmou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

"O governo não aceitará mais o secretário-geral como interlocutor", completou o ministro, dizendo que avisará o presidente da Fifa, Joseph Blatter, da decisão.

Rebelo afirmou que ofereceu um almoço em sua própria casa para dar o testemunho de boas-vindas. "O que ele falou é ofensivo até numa relação pessoal", declarou.

Valcke tem visita marcada ao Brasil para este mês para vistoriar os estádios de Recife e Brasília, mas o ministro disse não saber se a decisão do governo vai alterar a programação. "Não é tema da nossa atribuição."

O ministro deixou claro que um possível pedido de desculpas de Valcke não deve reverter a situação.

Questionado se o secretário-geral da Fifa seria recebido se viesse ao Brasil, o ministro foi sucinto. "Não."

De acordo com o governo brasileiro, as declarações de Valcke de que há atraso nas obras dos estádios contradizem relatório da própria Fifa, feito em janeiro, após visita da entidade ao Brasil.

Rebelo apresentou dados "atualizados ontem (sexta)" que mostram que a maioria dos estádios está adiantada ou dentro do prazo do cronograma estabelecido.

Mas os prazos já foram alterados. A previsão inicial era que as obras fossem concluídas até dezembro deste ano, mas o prazo foi dilatado.

O cartola da Fifa também criticou a rede hotelaria e aeroportos. Para ele, há acomodação suficiente no Rio e São Paulo, mas não em Manaus.

Rebelo reconheceu que há problemas, mas que eles devem ser solucionados.

"A hotelaria não será um problema", afirmou o ministro, que citou um caso pessoal para ilustrar a questão.

O ministro disse que, em uma visita recente a Cuiabá, ficou hospedado em um empreendimento que havia sido inaugurado há cerca de dois meses. "Três meses antes, eu tinha ido a Cuiabá, e esse hotel que é de alta categoria e padrão internacional não estava construído."

Rebelo citou ainda ter dados de que os investimentos em hotelaria podem ser maiores do que a demanda esperada para a Copa do Mundo.

Segundo ele, o investimento na área estão relacionados com o crescimento do país.

"Procurei o setor privado, inclusive", afirmou Rebelo. "Só uma rede francesa está prevendo até 2015 investimento de US$ 2,5 bilhões. Temos absoluta tranquilidade."

Sobre os serviços aeroportuários, o governo afirma que os problemas acontecem no mundo inteiro. "O Brasil enfrenta realmente o desafio de melhorá-los", afirmou Rebelo, que considera que a parte de infraestrutura de aeroportos está bem equacionada.

Sobre a segurança pública, o ministro disse que o Brasil tem a vantagem de não ser alvo de atentados terroristas. "O Brasil está numa faixa de risco que está relacionada com o crime comum."

O governo afirma que haverá a cooperação entre os Ministérios da Justiça e da Defesa, a Polícia Federal, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e as secretarias estaduais de segurança para elevar a capacidade de proteção.

Sobre a Lei Geral da Copa, que, segundo Valcke, a Fifa está esperando desde 2007, o ministro disse que ela será votada dentro de um prazo razoável. "Embora seja atribuição do Congresso, o governo tem se esforçado, apoiando do jeito que é possível."

A lei foi aprovada em comissão na Câmara, mas houve um erro e ela terá que ser votada novamente.

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