Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Tostão

Aprender com a Bósnia

Até a fraca seleção da Bósnia pode ensinar alguma coisa ao Brasil. O futebol endoidou

Até a fraca Bósnia, pelo tipo de marcação, pode ensinar algo ao Brasil. O futebol endoidou.

Como é frequente na Europa, eram pequenos os espaços entre a defesa, o meio-campo e o ataque. Quando um meia ou um atacante brasileiro, especialmente Ronaldinho, ia receber a bola, alguém a levava. Situação parecida ocorreu com Neymar e Ganso, no jogo contra o Barcelona. O time catalão vai além, pressiona também os volantes e toma a bola perto do gol.

Os jogadores que atuam no Brasil não estão acostumados com essa marcação. Aqui, os zagueiros ficam encostados à grande área, longe do meio-campo. Os espaços são enormes.

Por outro lado, como o zagueiro da Bósnia marcava um pouco mais à frente, havia mais espaços nas suas costas. O Brasil só se aproveitou disso uma vez, quando Fernandinho deu um excelente passe para Leandro Damião, livre, perder o gol.

Outra maneira de enfrentar essa marcação é pressionar e tomar a bola mais à frente, quando a defesa estiver desprotegida. O Brasil tentou, mas só fez isso bem no início, quando saiu o gol.

O presidente do Santos, Luis Alvaro, em um artigo para a Folha, escreveu que os times brasileiros precisam viajar mais, para enfrentar os grandes da Europa. Concordo. Ele está mais preocupado com a promoção e em faturar mais. Penso mais nos benefícios técnicos.

Treinadores brasileiros vão dizer que lá não tem nada diferente e que, com a tecnologia, isso não é necessário. Conhecer não é apenas ter informações.

Discordo de muitas condutas de Mano Menezes, mas o problema principal é a falta de mais talento do meio para a frente, e até no gol. Se Júlio César não voltar a ser um grande goleiro, não há outro para substituí-lo.

O Brasil possui uns 500 bons volantes, meias e atacantes. Fora Neymar, que precisa enfrentar mais dificuldades para evoluir, nenhum é excelente para o nível da seleção.

Além disso, existe no imaginário, no inconsciente coletivo, uma grande expectativa, maior que a realidade. Isso frustra a todos.

O tempo passa, e os jovens continuam como esperanças. Brilhar contra times fracos não é suficiente. Se não crescerem, Kaká e Robinho, já pedidos por Galvão Bueno, além de outros, voltarão à seleção. Eles não são soluções, mas, hoje, são melhores que as atuais promessas. Será um retrocesso conceitual.

Como o mundo dá muitas voltas, Galvão Bueno, se for para aumentar a audiência, que é o que comanda o mundo, vai pedir até a volta de Dunga.

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.