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Blatter quer discutir relação com Dilma

2014
Em carta, presidente da Fifa admite que conexão com governo se deteriorou após declarações de Valcke

DE BRASÍLIA
DE SÃO PAULO

A relação entre a Fifa e o governo federal na negociação da Copa-2014 deteriorou-se e é preciso rediscuti-la. Essa é a análise do presidente da Fifa, Joseph Blatter, em carta às autoridades brasileiras na qual pede reunião com a presidente Dilma Rousseff.

O documento foi enviado ao ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ontem. Chega após a polêmica levantada pela declaração do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, para quem o Brasil deveria levar "um chute no traseiro" para acelerar as obras do Mundial.

Há uma predisposição de Dilma de aceitar esse encontro com o cartola suíço, segundo a Folha apurou.

A carta de Blatter é a segunda com pedido de desculpas para o governo -Valcke também pedira perdão.

Mas a gravidade da crise levou o presidente da Fifa a se mobilizar para mandar um documento de Dacca, capital de Bangladesh, onde está.

"Em seguida, gostaria de me reunir o mais breve possível com a presidente Dilma Rousseff e V. Exa [Aldo Rebelo], de preferência na semana que vem", escreveu. Ou seja, Blatter quer vir ao Brasil juntamente com Valcke, que deve chegar na segunda.

O presidente da Fifa ainda ligou para Rebelo para prometer que o episódio da declaração de Valcke não se repetirá. A intenção foi melhorar a relação entre as partes.

Mas, como está em viagem, Rebelo disse que responderia em breve às duas cartas.

Já a Presidência da República vai esperar uma formalização do pedido de encontro para decidir sobre o tema.

A urgência da Fifa é explicada porque não há interlocução entre as partes, já que o presidente do COL (Comitê Organizador Local), Ricardo Teixeira, tem relações cortadas com Dilma e Blatter.

"Estou extremamente preocupado com a relação à deterioração da relação entre a Fifa e o governo brasileiro, uma relação que sempre foi marcada pelo respeito mútuo, como apontado por V. Exa. [ministro] na carta enviada em 5 de março de 2012", disse o presidente da Fifa.

Ele se referia a documento enviado por Aldo Rebelo anteontem, em que pediu a saída de Valcke da Copa.

A relação entre a Fifa e o governo é distante desde o segundo semestre de 2011.

Tanto que Dilma já recusou duas audiências a Blatter.

E o presidente da Fifa não foi a seu encontro na Europa, em 2011. Mandou Valcke.

São dois os motivos para a irritação dos dois lados: a demora para a aprovação da Lei Geral da Copa -reivindicada pela Fifa e que só passou ontem na comissão especial da Câmara- e as críticas da entidade a atrasos no Mundial.

Por isso, apesar do tom de desculpas, Blatter não deixou de lembrar que "o tempo está passando desde 2007".

E recordou contratos assinados pelo ex-presidente Lula, que a Fifa alega não serem atendidos pelo texto do projeto de lei. "Não deixemos que os conflitos nos façam perder tempo. Ao invés disso, trabalhemos juntos para construir algo maior, como prometido pelo presidente Lula", disse Blatter.

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