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Rodrigo Bueno

Muricy Wenger

Arsenal completa outra temporada sem títulos, mas com a pompa e a elegância de seu treinador

QUE HORA oportuna para escrever o que o Muricy Ramalho vive dizendo nas entrelinhas há anos, algo que o mundo sabe que é verdade, algo que dói no coração dos românticos.

Arsène Wenger acumula mais uma eliminação, talvez a com mais cara de seu Arsenal. Na tão sonhada Copa dos Campeões, conseguiu reação fantástica, empolgou com bom futebol, mostrou dignidade, deu orgulho e... perdeu! Já são 28 competições oficiais importantes consecutivas colhendo insucessos no final das contas. Desde 1996 no cargo, disputa quase sempre os títulos, entra como favorito em muitas oportunidades e... levantou "apenas" sete taças de peso.

Muricy, com elegância e sofisticação zero, só não ganhou troféu importante neste século em 2009. Passou por 13 clubes diferentes desde que Wenger assumiu o Arsenal, repetindo a dose inclusive no Inter e no São Paulo. Quando desafiou Guardiola tolamente no Mundial de Clubes a treinar e triunfar no Brasil, mandou um recado torto para o manager "loser" dos Gunners.

Se na Europa os algozes do Arsenal são do quilate de um Barcelona, de um Milan ou dos rivais Liverpool e Manchester United, no circuito interno o clube londrino tomba em mata-matas diante de Birmingham, Blackburn, Bolton, Burnley, Stoke, Sunderland, Wigan...

Difícil apontar a queda mais doída, mais simbólica. Perder uma final de Champions de virada, com um gol meio sem ângulo de Belletti no fim do jogo, é duro. Mas e cair ante o Wigan numa semifinal levando gol no minuto 119? E levar de cinco do arquirrival Tottenham em outra semifinal? Será que incomoda mais apanhar ano após ano do Manchester de Alex Ferguson ou sucumbir numa decisão diante do Birmingham com direito a trapalhada épica?

Wenger é mesmo único no mundo hoje. Ele é um treinador que dá lucro na liga que mais gasta. Pega um Anelka por 500 mil libras e o vende depois por 23,5 milhões de libras. Trabalha garotos talentosos, produz arte em campo, é elogiado por sua atitude e ousadia, mas não leva a glória maior.

O tosco Muricy, ao contrário, fatura títulos de todos os tipos sem muito confete. E isso mesmo nos últimos meses, quando desfruta do talento e das firulas de Neymar. Talvez o treinador que bateu na trave da seleção brasileira sonhe mesmo ocupar o posto de Wenger, ter seu status. E talvez o classudo francês precise mesmo de uma reciclagem no Brasil, onde o primeiro mata-mata pode ser o último, onde jogar bonito está fora de moda.

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br

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