Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Teixeira forçou obra, diz ex-governador
CBF DE SÃO PAULO Em depoimento à Justiça, o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolveu o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em investigação de fraude no Mundial de futsal, em 2008. O político é o mesmo que pagou R$ 9 milhões a uma empresa ligada ao cartola da confederação para a organização de Brasil x Portugal, no final daquele ano. Há investigação de superfaturamento de gastos no amistoso. Antes disso, Arruda usou R$ 10 milhões para reformar o ginásio-sede do Mundial de futsal da Fifa. Ele é réu em uma ação penal na qual é acusado pelo Ministério Público do DF de "fabricar" justificativa para contratar, sem licitação, essa obra. O ex-governador, que depois foi preso em escândalo por corrupção, conta com a ajuda de Teixeira no processo para justificar que tudo foi feito para atender a exigências para o Mundial. Esse é o segundo caso em que o cartola e Arruda se envolvem em suspeitas de fraudes em eventos relacionados à confederação de futebol. Nessa ação, Teixeira é formalmente testemunha de defesa. Para o Ministério Público, a obra não poderia ser emergencial, uma vez que Fifa e governo do DF haviam firmado o compromisso de sediar a competição com quase um ano de antecedência. "A administração não pode agir com o fim de 'fabricar' uma suposta emergência e, com isso, burlar a obrigatoriedade da licitação, tornando regra o que deveria ser a exceção", diz a Promotoria. Mas Arruda, ao se defender, dividiu a responsabilidade com Teixeira. Segundo o ex-governador, o cartola exigiu dois meses antes da partida uma reforma "sob pena de inviabilizar Brasília para sediar outros eventos". Arruda envolve diretamente Teixeira na acusação de fraude: ou fazia sem licitação para cumprir a exigência da Fifa e da CBF ou Brasília ficaria de fora da Copa-2014. "Note-se que o decurso de tempo necessário à realização do procedimento licitatório impediria a adoção de medidas indispensáveis para evitar danos irreparáveis, ou seja, a inviabilização da escolha de Brasília para sediar a Copa", diz Arruda na defesa. A Folha obteve cópia da carta de Teixeira, de julho de 2008, sobre as exigências da Fifa para o evento, que ocorreria em setembro do mesmo ano. Ele pede solução "imediata" para o ginásio. "Solicito não medir esforços para atender os reclamos da Fifa, tendo em vista que esse episódio possa vir a prejudicar a imagem do DF em competições, inclusive como uma das sedes da Copa." Na investigação, Arruda arrolou como testemunha de defesa o próprio Teixeira e o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em seu depoimento, Teixeira confirmou que exigiu a obra com vistas à realização da Copa de 2014. "Se Brasília não tivesse condições de sediar o evento pelo não cumprimento das pendências verificadas, certamente tal fato pesaria em desfavor para análise de sediar a Copa", disse o cartola. Blatter não respondeu às perguntas enviadas pela reportagem. Se condenado, Arruda pode ter como pena até cinco anos de prisão. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |