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Armistício

Blatter encontra Dilma, ouve promessas, pressiona deputados e afirma que a Fifa não está preocupada com prazos

FILIPE COUTINHO
MARIA CLARA CABRAL
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA

Depois da crise do "chute no traseiro", o governo federal selou a paz com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, que cobrou ontem cooperação entre o Brasil e a entidade e o cumprimento das garantias firmadas para o país sediar a Copa de 2014.

Blatter insinuou sobre a Inglaterra substituir o país como sede do Mundial, mas afirmou que confia no Brasil para realizar o evento em "harmonia" com a Fifa.

"Tem algumas pessoas que dizem que até a Inglaterra poderia sediar essa próxima Copa, mas para um país como o Brasil, que respira futebol, é muito importante ter essa Copa aqui", disse Blatter.

O encontro de ontem foi marcado por pedidos mútuos de "união" para organizar a Copa. Para isso, diz Blatter, o Brasil tem de cumprir o acordo de 2007, o que inclui não restringir a venda cerveja nos estádios.

Segundo o cartola, na reunião não foram discutidos detalhes da Lei Geral da Copa -que corre risco de não ser aprovada justamente por conta de deputados contrários à venda de bebida.

Mas Blatter ouviu o que queria: o acordo com a Fifa será cumprido. "Não entramos em detalhes, mas a presidente Dilma me garantiu que vai cumprir o acordo e eu confio nela", disse o cartola.

Em nome do governo, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) falou em "harmonia e cooperação" com a Fifa. E prometeu empenho para "cumprir suas responsabilidades".

A interlocutores, Rebelo avaliou que o encontro foi um sucesso. Mas que tudo pode ser posto a perder se o atraso na votação da lei continuar.

Blatter ainda descartou problemas nos estádios. "Eu e a Fifa não estamos preocupados. Temos datas que precisam ser cumpridas, e atrasos também ocorreram na Alemanha [2006] e na África [2010]. Não é questão otimismo, mas de confiança."

Após a reunião com Dilma, Blatter seguiu diretamente para encontro com líderes da Câmara, para pressionar pela aprovação da lei geral.

"Recomendo ao parlamento decisões sábias porque não é a Copa da Fifa, é a Copa do povo brasileiro", disse após almoço com deputados.

O recado deu resultado. Até o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), admitiu deixar de lado convicções pessoais para atender à Fifa.

Chinaglia é da bancada da saúde, contrária à liberação da cerveja, e autor do projeto de lei que resultou no Estatuto do Torcedor, que veda a venda de álcool nos estádios.

"As posições do Brasil estão acima do que possa ser minha opinião pessoal."

No mesmo tom, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maria (PT-RS), que havia admitido uma confusão em relação à lei, cobrou dos colegas o cumprimento do acordo com a Fifa.

Com receio de que a insatisfação na base produza efeitos na votação da lei geral, o Planalto deve fazer um apelo para que os governadores das 12 cidades-sedes do Mundial tentem pacificar suas bancadas em torno do texto recomendando pelo governo e que agrada a Fifa.

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