Índice geral Esporte
Esporte
Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros

Edgard Alves

De plástico

O amor à camisa caiu por terra, e hoje a Olimpíada abriga atletas que arrebatam fortunas

No Reino Unido, eles foram batizados pela imprensa como "britânicos de plástico". São os atletas que trocam de nacionalidade, muitas vezes por dinheiro, um fenômeno que chegou de vez ao movimento olímpico apesar dos protestos dos tradicionalistas.

Os seguidores do barão Pierre de Coubertin, criador da Olimpíada da era moderna, defenderam o amadorismo durante quase um século, mas acabaram vencidos. O amor à camisa caiu por terra, e hoje a Olimpíada abriga competidores que arrebatam fortunas com o esporte. E ninguém mais toca no assunto.

Na semana passada, houve polêmica no Reino Unido quando o Comitê Olímpico Internacional autorizou a cubana Yamile Aldama, 39, especialista no salto triplo, a participar da Olimpíada como britânica. Discute-se até se atletas nacionalizados sabem ou não a letra do hino nacional.

Essa regulamentação é feita pela federação internacional de cada modalidade, que determina as exigências para naturalização dos atletas, segundo o Comitê Olímpico Brasileiro. A tendência é irreversível.

Como muitos brasileiros, eu não ficaria aborrecido se o jogo da nossa seleção de basquete fosse armado por Derrick Rose (EUA), Milus Teodosic (Sérvia), Ricky Rubio (Espanha) ou Manu Ginóbili (Argentina). Talvez por isso não tenha sofrido contestação a busca pela naturalização do norte-americano Larry Taylor, estrela do time de basquete de Bauru.

E o técnico Rubén Magnano, argentino que dirige a seleção brasileira da modalidade, antecipou que o "gringo" deve ser convocado.

Embora não seja um fora de série, Larry pode ajudar no papel de segundo armador, pois o favorito é Marcelinho Huertas, brasileiro que joga na Espanha. Quando Magnano, ouro com a Argentina em 2004, foi contratado, o Brasil estava em busca de um "salvador da pátria" para a seleção, humilhada por ter ficado fora dos Jogos de Sydney, Atenas e Pequim. Magnano garantiu a vaga para Londres. Ao assumir o posto, alertou que chamaria jogadores nascidos aqui ou naturalizados. A rigor, o caso Larry não seria novidade. Num rápido levantamento, vários dos "estrangeiros" que atuaram pelo Brasil podem ser lembrados, como Fernando Meligeni (tênis/Argentina), Sebastian Cuattrin (canoagem/Argentina), Tomás Hintnaus (vara/EUA) e Samantha Harvey (pentatlo/EUA).

Voltando no tempo, imaginemos se, na década de 70, o cubano Teófilo Stevenson, o rei dos pesos-pesados do boxe olímpico, resolvesse "virar" brasileiro. Você o deixaria de fora?

Texto Anterior | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.