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Questão de classe

Clássico no Morumbi contrasta opulência do Santos com penúria do São Paulo, único grande ainda sem patrocínio

ADRIANO WILKSON
MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO

O Santos de Neymar aprendeu a mágica de transformar futebol em dinheiro. O São Paulo, sem alguém com apelo semelhante, ainda tenta inventar seu toque de Midas.

Às 16h de hoje, no Morumbi, o clássico entre os dois times reflete eficiências diferentes fora das quatro linhas.

O tricolor, que ganhou fama de clube de elite, é o único entre os grandes paulistas sem um patrocinador para a parte principal da camisa.

Desde que o banco BMG abandonou o clube, no começo do ano, a frente do uniforme tricolor está vazia. Isso significa R$ 30 milhões a menos nos cofres são-paulinos.

Para não ficar sem faturar com visibilidade, o São Paulo recorre a patrocínios pontuais, como o dado pela fabricante de computadores Lenovo, que pagará R$ 430 mil para ter sua marca no uniforme apenas no clássico de hoje.

"Não é o ideal, mas é o que temos agora", disse Júlio Casares, vice-presidente de marketing são-paulino. "Não há um valor para fecharmos com o parceiro definitivo, mas trabalhamos para acertar antes do final do Paulista."

Também existe um acordo com a escola de idiomas Wizard, que paga R$ 3,4 milhões para exibir seu nome na manga só até o fim do Paulista.

Já o Santos surfa na popularidade de Neymar e na visibilidade da Libertadores para faturar muito mais.

Sua camisa está cheia de marcas. Elas geram, além de reclamação da torcida, cerca de R$ 32 milhões por ano. O espaço do calção também é preenchido pontualmente.

Hoje, por exemplo, vai ser ocupado pela Semp Toshiba.

Não é coincidência que o BMG tenha interrompido o repasse ao São Paulo na mesma época em que renovou e aumentou o aporte ao rival.

Sem troféus desde 2008 e longe da Libertadores, o time do Morumbi ficou menos atrativo para investidores.

Nos últimos anos, houve queda em sua receita de patrocínio. Em 2010, a diminuição foi de 42% em relação a 2009. O balanço financeiro de 2011 não foi divulgado.

No Santos, houve o oposto: o faturamento de patrocínio cresceu quase 450% em três anos, justamente o tempo de carreira de Neymar.

O clube também ganha 10% dos contratos individuais assinados pelos atacante.

E ainda oferece a seus investidores parcerias em programas de fidelidade com a torcida, o que tende a engordar o valor dos repasses.

As arquibancadas também viram os efeitos da inversão.

O São Paulo desenvolve um processo de popularização do Morumbi, refletido no barateamento dos ingressos.

Desde 2009, o time tricolor vem reajustando o preço de entradas abaixo da inflação. Na última quarta-feira, era possível assistir ao duelo contra o Independente-PA, pela Copa do Brasil, por até R$ 10.

O Santos, claro, faz o oposto. A participação em competições importantes e a menor capacidade de seu estádio aumentaram os ingressos.

Em janeiro, um jogo esvaziado contra o Ituano não foi visto por menos de R$ 30.

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