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Retaliações por mortes em confrontos entre torcidas viram regra em ambiente sem controle do poder público

LUCAS REIS
MARCEL RIZZO
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

Um palmeirense morreu a tiro, outro está em estado gravíssimo após receber pauladas, ambos vítimas de confronto com corintianos. Há, ainda, mais dois internados. E o iminente risco de retaliações em um círculo de violência que parece não ter fim.

A batalha entre Mancha Alviverde e Gaviões da Fiel, ambas banidas dos estádios ontem, foi apenas mais um capítulo de um histórico de brigas e mortes em que o poder público bate cabeça e não consegue impedir as guerras entre centenas de jovens.

Integrantes da Mancha Alviverde que estiveram ontem no enterro de André Alves Lezo, 21, atribuíram ao tiro que o colega levou uma vingança de integrantes da Gaviões da Fiel pela morte do corintiano Douglas Silva, 27, em agosto de 2011. As diretorias das torcidas negam envolvimento nos episódios de violência.

O caso se torna mais grave pois há temor de que haja uma retaliação de integrantes da Mancha. Amanhã o Corinthians joga no Pacaembu e o Palmeiras, em Jundiaí, ambos às 22h.

Irmão de André, Lucas Lezo é vice-presidente da Mancha e tem forte influência sobre a juventude da organizada, que tradicionalmente agenda os confrontos campais pela internet.

Lucas assumiu a vice-presidência da Mancha em novembro de 2011. Três meses depois, participou de uma briga entre palmeirenses e membros da torcida corintiana Pavilhão Nove, embaixo da ponte dos Remédios, na zona norte da capital. Foi detido e, desde então, está proibido de entrar em jogos de futebol no Estado de São Paulo, ao lado de outras 26 pessoas, de diversas torcidas.

Em agosto de 2011, como mostrou ontem a Folha, Lucas Lezo levou um tiro em confronto entre torcedores e policiais num jogo em Presidente Prudente. Seu irmão André, morto anteontem, já havia sido detido em duas oportunidades, também por rixa entre torcedores: em agosto de 2009 e em fevereiro passado, na confusão com a Pavilhão Nove. Ou seja, os mecanismos existentes de controle de torcida se mostraram inócuos nos dois casos.

PELA REDE

Nas últimas semanas, diversas mensagens foram trocadas entre corintianos e palmeirenses nas redes sociais prevendo briga anteontem, data do clássico.

Em pelo menos uma mensagem foi lembrada a morte de Douglas Silva, evento considerado pelos palmeirenses como estopim da disputa.

No dia 27 de agosto de 2011, o corpo do corintiano Silva foi encontrado no rio Tietê. Dois dias antes, ele disse à família que iria até a quadra da Gaviões da Fiel. Era um sábado à noite, quando geralmente há ensaio da escola de samba.

De acordo com investigação policial, trata-se de mais um caso que teria sido marcado via internet, já que, no dia seguinte, havia clássico entre Palmeiras e Corinthians em Presidente Prudente.

Caravanas deixariam a capital naquela noite.

"É o momento de sentarmos e decidirmos o que fazer para acabar com essa violência", disse o gerente de futebol do Palmeiras, César Sampaio, presente no enterro.

A família não quis dar entrevista nem a Mancha Alviverde falou oficialmente sobre o caso. Autoridades dizem que vão se mexer.

"Os vândalos e assassinos ainda continuam por aí. Temos que repensar", disse Marco Polo Del Nero, presidente da federação paulista.

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